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Rádio Gospel Maranata


Estudos Bíblico


A Doutrina da Trindade





1. DOUTRINA DA TRINDADE

“Não posso pensar em um e único, sem que me veja imediatamente envolvido pelo fulgor dos três; nem posso distinguir os três, sem que me veja imediatamente voltado para um e único.”(NAZIANZO, Gregório de. Sermão sobre o santo batismo).

“Eis que me aparece, como num enigma, a Trindade. Sois vós, meu Deus, pois Vós, Pai, criastes o céu e a terra no princípio de nossa Sabedoria, que é a vossa Sabedoria, que de Vós nasceu, igual e co-eterna convosco, isto é, no vosso Filho.

(…) No vocábulo “Deus”, eu entendia já o Pai que criou todas as coisas; e pela palavra “princípio” significava o Filho, no qual tudo foi criado pelo Pai. E, como eu acreditasse que o meu Deus é Trino, procurava a Trindade nas vossas Escrituras e via que o vosso Espírito“pairava sobre as águas”. Eis a vossa Trindade, meu Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. Eis o Criador de toda criatura.” (AGOSTINHO, Aurélio. Confissões. São Paulo: Nova Cultural, 1999. p. 379-380).

1.1 INTRODUÇÃO


O presente estudo tratará de um dos temas mais complexos e debatidos de toda a teologia e do pensamento cristão: A Doutrina da Trindade. Tal assunto possui a capacidade de gerar inúmeras dúvidas em nossa mente, tais como: como Deus é único e ao mesmo tempo três? Serão três Deuses diferentes? Será apenas um Deus, que se manifesta de três formas diferentes? Ou ainda: Um único Deus, com três subsistências distintas?

O primeiro cuidado a se tomar, em um estudo pormenorizado da Trindade, é que ela é possível de ser entendida, contudo, não sem a devida reverência e fé. O tema aborda uma realidade que é totalmente desconhecida a nós e, além disso, sem parâmetro em toda a criação. Não há um só exemplo sequer nas existências que se compare a subsistência perfeita de Pai, Filho e Espírito Santo.

O termo Trindade (lat. Trinitas), foi cunhado pelo bispo Tertuliano (160-230), para ser o designativo da doutrina de que Deus é a coabitação eterna e perfeita de três pessoas que partilham da mesma Deidade.

Para se alcançar um entendimento sóbrio e isento de heresias acerca da Trindade é necessário analisar os dados bíblicos, dos quais naturalmente emerge essa doutrina, ao invés de se criar modelos e tentar encaixar a Bíblia a eles. O melhor modelo que podemos utilizar para a explicação da Trindade deve ser o reflexo direto dos dados escriturísticos.

A Trindade é, portanto, uma doutrina que emerge da Bíblia, e não algo que foi moldado para se encaixar com a Bíblia; é uma doutrina que as próprias Escrituras ensinam, não apoiada apenas em um texto, mas em toda a extensão e revelação da Palavra de Deus.

1.2 EVIDÊNCIAS BÍBLICAS DA DOUTRINA DA TRINDADE


1.2.1 A TRINDADE NO ANTIGO TESTAMENTO

O AT apresenta Deus como sendo um só Deus, que se torna conhecido pelos Seus nomes, atos e atributos, entretanto, é conveniente atentar que, apesar da postura centralizadora da Deidade – com vistas a formar um povo que se mantivesse fiel ao monoteísmo – há inúmeras passagens que denotam a pluralidade de pessoas na Deidade vétero-testamentária.

Utilizando o texto bíblico de Gn. 1.1-2, podemos concluir, como Agostinho, a existência, desde os primeiros versículos da Bíblia, de um Deus Trino, conforme abaixo:

“No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas”

Analisando o texto em hebraico temos:

“Deus (hb. elohiym, plural de ‘elowahh, designação do supremo Deus), no princípio (hb. re’shiyth, o primeiro em lugar, tempo, ordem ou ranking) (re)criou (hb. bara’, criar, fazer e ‘eth, propriamente, por si só, ou seja ‘criou sem qualquer auxílio) os céus e a terra. E a terra era(hayah, vir a ser, tornar-se) sem forma e vazia (hb. tohuw, desolação, deserta, sem coisa alguma, bohuw, estar vazia, vacuidade, ruína indistinguível); e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus (hb. ruwach elohiym, semelhante ao fôlego, exalação violenta, aplicável apenas a um Ser racional) se movia sobre a face das águas.

Do exame acima, pode-se concluir que: Deus foi o responsável pela criação (e recriação) de todas as coisas, através do Seu princípio (Jesus, cf. Ap. 3.14) e Seu Espírito Santo já encontrava-se em operação no mundo.

A criação do homem reflete o consenso da Deidade, ao utilizar “façamos (hb. ‘asah, fazer no sentindo mais amplo e extensivo possível)… à nossa imagem e semelhança (hb. tselem, uma sombra, figura representativa, dmuwth, similitude, forma, modelo)” em Gn.1.26-27.

O episódio da confusão das línguas em Babel aponta para um plural e concordância volitiva da Deidade, cf. Gn. 11.7, o mesmo ocorre em Is. 6.8, sendo que em ambos Deus usa para si mesmo pronomes plurais.

Em Gn. 20.13 e 35.7 há o emprego do substantivo e do verbo hebraico no plural, isto é, “Deuses fizeram” e “Deuses se lhe revelaram”.

Sl. 45.6-7 (confrontar com Hb.1.8-9) revela Deus (Pai), falando de ‘outro’ Deus (Jesus), que ungiu um de forma diferente aos seus companheiros (distinção da essência de Jesus e dos ‘companheiros’, i.e. anjos Hb.1.1-4).

O Sl. 2.7 apresenta o Filho (hb. ben, filho, procedente de um antecessor genealógico, no caso, esse Filho, é gerado, mas não criado, Ele é co-eterno) do Senhor (hb. Yaweh ou Yehova, o auto-existente, eterno, ‘eu sou’) como sendo gerado.

Pv. 30.4 apresenta perguntas de sabedoria sobre questões variadas, finalizando com a inquirição de qual é o nome (pelo nome, no hebraico, sabia-se a natureza e derivação da pessoa) de Deus e de seu Filho.

Em Nm. 6.24-26, Is. 6.3 e Ap. 4.8, é utilizado o Triságio (gr. tris-agion, três vezes Santo), que é o nome utilizado para referir-se à aclamação da Deidade como Santo, Santo, Santo, referência à Trindade.

O Verbo de Deus como a Sabedoria, em Pv. 8.1, 22, 30-31, comparado com Hb. 1.1-2. Pv. 3.19 é digno de nota em “O Senhor (hb. Yaweh ou Yehova), com sabedoria (hb. chokmaw, sabedoria, capacidade, inteligentemente, provém da raiz chakam, sobre excedente sabedoria, sabedoria primeira) …”

O Anjo do Senhor (hb. mal’ak, embaixador, rei, enviado, sempre de Deus, Yaweh ou Yehova) como o próprio Deus (Teofania), nas passagens de Gn. 22.11, 16 e 31.11,13. Deus aparecendo em forma corpórea a Abraão (Cristofania) em Gn. 18.1, 13-14. Deus se manifestando a Moisés no monte Sinai, em Ex. 3.2-5. Deus se revelando aos pais de Sansão, Jz. 13.18-22. O quarto homem na fornalha ardente com Sadraque, Mesaque e Abede-Nego, Dn. 3.25, 28, chamado por Nabucodonosor de “Filho de Deus” (ara. bar, filho e ‘elahh de ‘elowahh, designação do supremo Deus).

Por fim, a passagem de Zc. 12.10 ensina, ainda que para um completo entendimento é necessário o NT – sobre as três pessoas da Divindade: o Pai (a quem olhariam), O Filho (traspassado) e o Espírito Santo (que daria a entender a obra do Filho).

1.2.2 A TRINDADE NO NOVO TESTAMENTO

O NT principia seus escritos, através dos Evangelhos, apresentando uma radical mudança de foco do Deus do AT – até então centralizador – para a “nova” (apesar de não ser “nova” no sentido de algo recentemente criado, mas “nova” no sentido de só àquela época revelada) manifestação da Deidade, que abre a porta para o conhecimento claro de Jesus Cristo e do Espírito Santo.

1.2.2.1 A PESSOA DO PAI É DEUS

Há um tão grande número de passagens bíblicas que revelam o Pai como Deus, que seria desnecessário prolongar muitas explicações acerca de Sua Deidade. A título de exemplo observe-se Jo. 6.27 e 1Pe. 1.2.

1.2.2.2 A PESSOA DE JESUS CRISTO É DEUS

Jesus Cristo é expressamente chamado de Deus, e isto se prova através da passagem de João 1.1-2:

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus.”

Nesses versículos o apóstolo João apresenta uma maneira de escrita que relembra a introdução do Gênesis, intencionando com isso revelar que Aquele do qual ele tratava (Jesus) é um ser co-eterno com o Deus da criação do AT.

A palavra “no princípio”, em grego (en archei) é semelhante ao hebraico (berêshith), presente em Gn. 1.1, logo, vemos João apontando que Jesus e Deus não tiveram início, mas que relacionam-se desde a eternidade, ainda antes da Criação.

João se refere a Jesus como o “Verbo” (gr. Logos). A utilização dessa palavra foi extremamente criteriosa, pois:

“É relevante que João opta por identificar Cristo no seu estado pré-encarnado com o Logos e não como Sophia (sabedoria). João evita as contaminações dos ensinos pré-gnósticos que negavam a humanidade do Cristo ou separavam o Cristo do homem Jesus. O Logos, que é eterno, “tornou-se carne.”

O apóstolo prossegue dizendo que o “Verbo estava com Deus” (gr. Logos pros ton theon), o que significa dizer que Eles tinham um relacionamento “face a face”, ou seja, desde a eternidade já estavam juntos. Na continuação do versículo João fecha o raciocínio ao dizer claramente que o Verbo, desde a eternidade, já era Deus.

O último versículo (v. 2) serve como uma ênfase que essa pessoa (Jesus Cristo), realmente estava em interação contínua com Deus desde antes da Criação.

Em João 1.14, o Verbo entra na História (se fazendo carne), como Jesus de Nazaré, sendo Ele o único capaz de revelar quem o Pai é, conforme João 1.17-18.

Pelo fato de Jesus ter compartilhado a glória de Deus desde toda eternidade (Jo. 17.15), Ele é objeto da adoração reservada somente a Deus, pois Ele é Deus (Jo. 5.23 e Fp. 2.10-11).

Jesus possui os mesmos atributos de Deus

Vida, Jo. 1.4, 14.6 – Existência própria, Jo. 5.26, Hb. 7.16 – Imutabilidade, Hb. 13.8 – Verdade, Jo. 14.6, Ap. 3.7 – Amor, I Jo. 3.16 – Santidade, Lc. 1.35, Jo. 6.69, Hb. 7.26 – Onipresença, Mt. 28.20 – Onisciência, Mt. 9:4, Jo. 2.24-25, 1Co. 4.5, Cl. 2:3 – Onipotência, Mt. 28.18, Ap. 1.8.

Finalmente, tudo que se pode dizer com relação ao Pai, pode-se dizer com referência ao Filho, conforme Cl. 2:9, Rm. 9:5 e Jo. 14:9-11. Assim, Jesus é Deus, da mesma forma que o Pai o é.

1.2.2.2 A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO É DEUS

O Espírito Santo, além de ser uma pessoa, é Deus, e habita desde a eternidade com o Pai e o Filho, de acordo com Hb. 9.14, mas que fora “dado” com a vinda de Jesus Cristo (Jo. 7.39).

O Espírito Santo é referido na Bíblia como sendo o próprio Deus, segundo At. 5.2-4, 1Co. 3.16, 12.4-6.

O Espírito Santo possui os mesmos atributos de Deus

Vida, Rm. 8.2 – Verdade, Jo. 16.13 – Amor, Rm. 15.30 – Onipresença, Sl. 139.7 – Onisciência e Onipotência, 1Co. 12.11.

Por fim, o Espírito Santo é digno da mesma honra e adoração do Pai, conforme 1Co. 3.16. Logo, o Espírito Santo é Deus, da mesma forma que o Pai e o Filho são.

1.3 ALGUNS ESCLARECIMENTOS

Deus é Trino, ou seja, de uma mesma essência ou substância (gr. homoousios, lat. substantia), entretanto possui três subsistências distintas (gr. prosopa, lat. persona), isto é, são realidades pessoais individuais, de tal forma que o Pai é o Pai, o Filho é o Filho e o Espírito é o Espírito, sem se misturarem, mas com perfeita concordância entre si.

Enfim: de uma mesma natureza em três pessoas distinguíveis.

Quanto a Jesus ter sido “gerado” pelo Pai (Hb. 1.5), ou ser o “unigênito” do Pai (Jo. 1.14) não significa que Ele foi, em algum momento “criado”, pois a palavra original é (gr. monogenês), que significa “incomparável”, “especial”, “único do seu tipo”, e “é aplicada a Jesus para enfatizar que Ele é, pela sua natureza, o Filho de Deus num sentido incomparável e especial, como nenhum outro pode ser.”

1.4 A ATUAÇÃO CONJUNTA DO PAI, DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO

Claramente se percebe o ensino da Trindade e da igualdade de Divindade entre as três pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo, nas passagens de Mt. 28.19 e 2Co 13:13.

1.5 RESUMO DA TRINDADE PARA JOÃO CALVINO

A distinção das pessoas na Trindade:

“Por isso, também, não devemos deixar-nos levar a imaginá-la como uma trindade de pessoas que detenha o pensamento cindido em relação às partes e não o reconduza, imediatamente, a essa unidade. Por certo que os termos Pai, Filho e Espírito assinalam distinção real, de sorte que não pense alguém serem meros epítetos [vocativos, nomes], com quê, em função de suas obras, Deus seja diversificadamente designado; entretanto se fala de distinção, não divisão. Que o Filho tem sua propriedade distinta do Pai no-lo mostram as referências que já citamos, pois a Palavra não haveria estado com o Pai se não fosse outra distinta do Pai; nem haveria tido sua glória junto ao Pai, a não ser que dele se distinguisse. De igual modo, ele distingue de si o Pai, quando diz que há outro que dá testemunho a seu respeito [Jo 5.32; 8.16, 18]. E a isto importa o que se diz em outro lugar: que o Pai a tudo criou mediante o Verbo [Jo 1.3; Hb 11.3], o que não seria possível, a não ser que, de alguma forma, seja distinto dele. Além disso, o Pai não desceu à terra, contudo desceu aquele que procedeu do Pai; o Pai não morreu, nem ressuscitou, e, sim, aquele que fora por ele enviado. Tampouco esta distinção teve início a partir de quando a carne foi assumida; ao contrário, é manifesto que também antes disso ele foi o Unigênito no seio do Pai [Jo 1.18]. Pois, quem ousa afirmar que o Filho ingressou no seio do Pai quando, finalmente, então desceu do céu para assumir a natureza humana? Portanto, ele estava no seio do Pai e mantinha sua glória junto ao Pai antes disso [Jo 17.5].

Cristo assinala a distinção do Espírito Santo em relação ao Pai quando diz que ele, o Espírito, procede do Pai; além disso, a distinção do Espírito em relação a si mesmo a evidencia sempre que o chama outro, como quando anuncia que outro Consolador haveria de ser por ele enviado; e freqüentemente em outras passagens [Jo 14.16; 15.26]”.

Funções diferentes na Trindade:

“(…) a distinção que observamos expressa nas Escrituras, consiste em que ao Pai se atribui o princípio de ação, a fonte e manancial de todas as coisas; ao Filho, a sabedoria, o conselho e a própria dispensação na operação das coisas; mas ao Espírito se assinala o poder e a eficácia da ação. Com efeito, ainda que a eternidade do Pai seja também a eternidade do Filho e do Espírito, posto que Deus jamais pôde existir sem sua sabedoria e poder, nem se deve buscar na eternidade antes ou depois, todavia não é vã ou supérflua a observância de uma ordem, a saber: enquanto o Pai é tido como sendo o primeiro, então se diz que o Filho procede dele; finalmente, o Espírito procede de ambos. Ora, até mesmo o mero entendimento de cada um, de seu próprio arbítrio, o inclina a considerar a Deus em primeiro plano; em seguida, emergindo dele, a Sabedoria; então, por fim, o Poder pelo qual executa os decretos. Diz-se que o Espírito procede, ao mesmo tempo, do Pai e do Filho. Isto, na realidade, em muitas passagens, contudo em parte alguma está mais explícito do que no capítulo 8 da Epístola aos Romanos [v. 9], onde, na verdade, o mesmo Espírito é indiferentemente designado ora Espírito de Cristo, ora Espírito daquele que dos mortos ressuscitou a Cristo [v. 11], e não sem razão plausível.”


1.6 O CREDO DE ATANÁSIO


1. Todo aquele que quiser ser salvo, é necessário acima de tudo, que sustente a fé universal.

2. A qual, a menos que cada um preserve perfeita e inviolável, certamente perecerá para sempre.

3. Mas a fé universal é esta, que adoremos um único Deus em Trindade, e a Trindade em unidade.

4. Não confundindo as pessoas, nem dividindo a substância.

5. Porque a pessoa do Pai é uma, a do Filho é outra, e a do Espírito Santo outra.

6. Mas no Pai, no Filho e no Espírito Santo há uma mesma divindade, igual em glória e co-eterna majestade.

7. O que o Pai é, o mesmo é o Filho, e o Espírito Santo.

8. O Pai é não criado, o Filho é não criado, o Espírito Santo é não criado.

9. O Pai é ilimitado, o Filho é ilimitado, o Espírito Santo é ilimitado.

10. O Pai é eterno, o Filho é eterno, o Espírito Santo é eterno.

11. Contudo, não há três eternos, mas um eterno.

12. Portanto não há três (seres) não criados, nem três ilimitados, mas um não criado e um ilimitado.

13. Do mesmo modo, o Pai é onipotente, o Filho é onipotente, o Espírito Santo é onipotente.

14. Contudo, não há três onipotentes, mas um só onipotente.

15. Assim, o Pai é Deus, o Filho é Deus, o Espírito Santo é Deus.

16. Contudo, não há três Deuses, mas um só Deus.

17. Portanto o Pai é Senhor, o Filho é Senhor, e o Espírito Santo é Senhor.

18. Contudo, não há três Senhores, mas um só Senhor.

19. Porque, assim como compelidos pela verdade cristã a confessar cada pessoa separadamente como Deus e Senhor; assim também somos proibidos pela religião universal de dizer que há três Deuses ou Senhores.

20. O Pai não foi feito de ninguém, nem criado, nem gerado.

21. O Filho procede do Pai somente, nem feito, nem criado, mas gerado.

22. O Espírito Santo procede do Pai e do Filho, não feito, nem criado, nem gerado, mas procedente.

23. Portanto, há um só Pai, não três Pais, um Filho, não três Filhos, um Espírito Santo, não três Espíritos Santos.

24. E nessa Trindade nenhum é primeiro ou último, nenhum é maior ou menor.

25. Mas todas as três pessoas co-eternas são co-iguais entre si; de modo que em tudo o que foi dito acima, tanto a unidade em trindade, como a trindade em unidade deve ser cultuada.

26. Logo, todo aquele que quiser ser salvo deve pensar desse modo com relação à Trindade.

27. Mas também é necessário para a salvação eterna, que se creia fielmente na encarnação do nosso Senhor Jesus Cristo.

28. É, portanto, fé verdadeira, que creiamos e confessemos que nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo é tanto Deus como homem.

29. Ele é Deus eternamente gerado da substância do Pai; homem nascido no tempo da substância da sua mãe.

30. Perfeito Deus, perfeito homem, subsistindo de uma alma racional e carne humana.

31. Igual ao Pai com relação à sua divindade, menor do que o Pai com relação à sua humanidade.

32. O qual, embora seja Deus e homem, não é dois mas um só Cristo.

33. Mas um, não pela conversão da sua divindade em carne, mas por sua divindade haver assumido sua humanidade.

34. Um, não, de modo algum, pela confusão de substância, mas pela unidade de pessoa.

35. Pois assim como uma alma racional e carne constituem um só homem, assim Deus e homem constituem um só Cristo.

36. O qual sofreu por nossa salvação, desceu ao Hades, ressuscitou dos mortos ao terceiro dia.

37. Ascendeu ao céu, sentou à direita de Deus Pai onipotente, de onde virá para julgar os vivos e os mortos.

38. Em cuja vinda, todo homem ressuscitará com seus corpos, e prestarão conta de sua obras.

39. E aqueles que houverem feito o bem irão para a vida eterna; aqueles que houverem feito o mal, para o fogo eterno.

40. Esta é a fé Universal, a qual a não ser que um homem creia firmemente nela, não pode ser salvo.

1.7 CONCLUSÃO

O assunto da Trindade, apesar de todas as explicações acima e das outras existentes, poderá ser compreendido até certo ponto, após o qual torna-se o “mistério tremendo” (lat. misterium tremendum), nome pelo qual Agostinho lhe chama.

Assim cumpre a nós, juntamente com todos os cristãos fiéis de todas as épocas, honrar, servir, adorar e anunciar a graça de Deus, revelada por Cristo, debaixo do poder do Espírito Santo.

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Deus abençoe sua vida.






A Lei da Semeadura e da Colheita

→Por: Pr. João Marcos

Colhemos o que plantamos

(Gl 6.6-10)

INTRODUÇÃO

O assunto não é abordado com profundidade nas Igrejas e quando ocorre sempre vem atrelado com a área financeira. Tem sido o principal tema dos adeptos da “Teologia da Prosperidade”, onde o céu se transforma numa agência financeira e Deus num grande bancário.

O estudo de hoje propõe uma análise mais focada no princípio norteador desta Lei que rege a todos os seres e não a um grupo especifico. É uma lei que não se pode mudar na esfera humana, você colhe aquilo que planta e aonde planta.

I. ASPECTOS RELEVANTES DAS LEIS

1. A soberania de Deus

a) Somos estimulados em toda a Bíblia a pratica do que é bom (Ec 12.13-14)

b) A Bíblia em sua mensagem redentora descreve em suas páginas a entrega, a doação, a vontade própria subjugada em favor do próximo (Mc 12.30-31)

c) Deus não se deixa enganar e escarnecer (v.7)

- recompensa o homem de acordo com suas ações (Jr 17.10);

2. O livre arbítrio do homem

a) O ciclo da semeadura é constante (Gn 8.22)

b) O homem é que determina a espécie de semente que ira plantar

c) É necessário ter intenção de semear, pois o preguiçoso nada terá (Pv 20.4; 21.25)

d) Por exemplo: se você quiser um emprego. O que deve semear?

3. A escolha do solo

a) Cada semente tem seu tempo e solo apropriado

- a escolha do solo influência o resultado (Mc 4.1-8);

b) Terreno da carne ou terreno do Espírito?

- fazer o bem ou fazer o mal?

c) Uma vez enxertados em Cristo, nossas sementes são para o Reino de Deus (Jo 15.1-8)

d) O Reino de Deus é um grande campo onde se cultiva novas vidas (Mc 4.26-29)

4. Princípios básicos

a) O resultado (fruto) da colheita é inerente a espécie que foi plantada;

b) A colheita ocorre na área em que foi plantada a semente;

c) Existe um tempo entre a semeadura e a colheita;

d) Nunca colhemos na proporção que plantamos;

II. A LEI DA SEMEADURA

1. A semeadura requer uma atitude

a) Tudo o que semeamos a seu tempo colheremos (Pv 26.2)

- é um ato de fé, pois nem sempre o contexto parece favorável para se lançar a semente;

b) A semeadura resulta numa colheita, seja ela boa ou má (Pv 12.14)

- a semeadura é opcional mais a colheita é obrigatória;

c) Estamos sempre semeando por meio de nossas ações e atitudes;

- o ato de não semear comprometerá o futuro;

d) Existem vários tipos de sementes:

- sementes para uso pessoal;

- sementes para ajudar o próximo;

- sementes para semeamos;

2. A semeadura material (Os 8.7)

a) A semente precisa morrer para viver e dar fruto (Jo 12.24)

b) A origem é segundo a espécie (Gn 1.11)

c) Quem almeja um bom resultado escolhe as melhores sementes (selecionadas)

3. A semeadura carnal (v. 8a)

a) Trata-se da velha natureza humana – decaída pelo pecado (Rm 7.19)

b) Conduz o homem a prática dos frutos da carne (Gl 5.19-21)

c) Seu resultado e avassalador (Pv 22.8)

- devemos subjugar o velho homem e deixar que a nova criatura exerça seu papel diante de Deus (Jo 3.30)

4. A semeadura espiritual (v. 8b)

a) A semente divina está dentro de nós (1Jo 3.9);

b) Manifesta pelas virtudes do fruto do Espírito Santo (Gl 5.22-23)

- Jesus morreu em corpo terreno, mais ressuscitou em corpo glorificado (Gl 3.13-14);

- até hoje seu ato produz fruto neste mundo (Mt 13.37-38);

- Deus escolheu a melhor semente que tinha e plantou nesse mundo (Jo 3.16);

c) Somos levados a plantar por fé, para ver em nossas vidas o sobrenatural (1Tm 6.12)

d) Ofertar é melhor que receber (At 20.35)

e) A semente para o mundo é a Palavra de Deus

III. A LEI DA COLHEITA

1. O resultado é temporal

a) Cada semente tem o seu período de germinar, crescer e dar frutos (Tg 5.7)

b) Não há resultados imediatos, pois o fruto é um dos últimos estágios

c) A semeadura visa um resultado futuro (Ec 11.6)

- colhemos hoje o que plantamos no passado e colheremos amanhã o que plantarmos hoje;

2. O resultado é previsível

a) Colhemos na área que plantamos (Tg 3.12);

- amor, finanças, alegria, união,....

b) A colheita é maior que a semeadura (Sl 126.5,6)

- pois sempre recebemos mais do que plantamos (milho – espiga; vento – tempestade)

c) Colheita não é questão de sorte, por isso não espere aquilo que não plantou

3. O resultado é proporcional

a) Quem semeia pouco colhe pouco (2Co 9.6,10)

b) Quem semeia muito colhe muito (Lc 6.38)

c) Regra: Quanto mais se semeia (dá) mais se colhe (recebe)

- lógica diferente da “Poupança” (guardar para ter);

d) Boa parte do que plantamos colhemos em vida

CONCLUSÃO

Seja prudente. Semeie boas sementes. Plante aquilo que deseja colher. Quem quiser:

- milagre deve plantar fé;

- ter bênção financeira deve investir no Reino de Deus;

- ter um casamento feliz deve plantar um bom relacionamento;

- ter um ministério poderoso dever plantar uma vida consagrada;

Qual tem sido o resultado de sua colheita?

Mude sua história a partir de hoje!

Estudo Sobre Divórcio e Novo Casamento




Autor :


Prof. João Flávio Martinez

O QUE A PALAVRA DE DEUS FALA SOBRE ESTE ASSUNTO?

Estamos vivendo em uma época em que as separações entre casais estão dia-a-dia mais comuns e o casamento mais insignificante no consciente coletivo. E um dos efeitos sociológicos dessa mudança de paradigmas é a questão da separação no meio cristão que, infelizmente, cresce em níveis assustadores. Como responder a essa vulgarização do casamento como instituição? Como conciliar esses abusos e dar uma resposta a altura a esses infortúnios flagelantes contra o casamento?

Atualmente até líderes cristãos destilam setas contra o matrimônio, veja essa do Rev. Caio Fábio: “Se você é um escravo, mas creu; ande em Cristo. Se puder quebrar as correntes; quebre-as. Escravidão não é aquilo para o que fomos chamados. Há casamentos que são usinas de aflições e doenças. Qual é a vontade de Deus? Deixar que o menino fique no buraco porque a lei o determina; afinal, trata-se do sábado do casamento? o que você acha da mulher rixosa? Meu Deus! Quem puder ficar livre dela, que fique o quanto antes; ou então, que se console com uma goteira na cabeça; ou que faça amor com um espinheiro”

Uma coisa é o pecado do indivíduo ignorante, daquele que não conhece o evangelho de Cristo, outra é pecar conscientemente e viver nesse pecado; “Mas Deus, não levando em conta os tempos da ignorância... Porque se voluntariamente continuarmos no pecado, depois de termos recebido o pleno conhecimento da verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados...” (At 17.30; Hb 10,26).

Com certeza, a Bíblia Sagrada tem o veredicto final sobre este assunto e estaremos analisando-o nesse escopo.

SOBRE O CASAMENTO:

Foi instituído por Deus, descartando a poligamia.

Leiamos:“Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma ajudadora que lhe seja idônea... Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre o homem, e este adormeceu; tomou-lhe, então, uma das costelas, e fechou a carne em seu lugar; e da costela que o Senhor Deus lhe tomara, formou a mulher e a trouxe ao homem. Então disse o homem: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; ela será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada . Portanto deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão uma só carne”. (Gn.2:18-24)

“... mas, por causa da prostituição, tenha cada homem sua própria mulher e cada mulher seu próprio marido”. (ICor.7:2)

Os textos lidos explicitam o beneplácito de Deus na união do homem com a mulher, é uma simbiose plena! Tudo quanto Deus fez, foi dito que era “bom”, mas quando o homem e a mulher foram criados, foi dito “muito bom” (Gn.1:27 e 31). Isso nos mostra o quanto o casamento agradou a Deus. A família sempre foi um projeto divino e o casamento feito para ser indissolúvel (Mt.19:6). O Senhor não gostou de observar Adão andando sozinho e sem ter com quem compartilhar a sua vida. Era como que se a criação estivesse incompleta sem a família, daí o nascimento da primeira mulher, Eva. Eva foi tirada das costelas de Adão, ou seja, do seu lado e isso propositadamente, para deixar claro o companheirismo que deverá sempre ser vivido pelo casal.

Na criação vemos também que o Senhor quer que cada homem tenha a sua mulher e cada mulher o seu homem. Existem povos e religiões que aceitam a poligamia (ato de se ter mais de um parceiro) e até alguns que dizem professar o cristianismo. Argumentam, os tais, que vários homens de Deus tiveram mais de uma mulher e que isso não tirou deles o título de servos de Deus. É importante notarmos que a Bíblia relata vários fatos pecaminosos cometidos por homens que serviam a Deus. Entretanto, esses fatos são narrados não para fazermos o mesmo, mas para apreendermos e não cometermos os mesmos erros. Se analisarmos todos os casos de poligamia cometida por homens de Deus, veremos que esse ato sempre foi acompanhado por uma tragédia. Um dos casos mais chocantes é o de Abraão. Deus havia lhe prometido um filho e que dele, Abraão teria uma grande descendência. Só que a sua esposa, que era estéril, resolveu “ajudar” a Deus. Sara fez o que chamamos hoje de “barriga de aluguel” tomando a sua empregada Agar e dando-a a seu marido em seu lugar, nascendo dessa relação, Ismael, do qual descenderiam os ismaelitas, inimigos terríveis de Israel até hoje. Tudo isso aconteceu por Abraão ter cometido a poligamia (Leia a história de Abraão – Gn.12-25). Poderíamos citar os casos de Jacó, Davi, Salomão e outros, os quais foram trágicos, porém comentaremos somente um. O que é importante, é vermos o propósito de Deus que é um casal vivendo um para o outro em fidelidade. Deus poderia ter tirado mais duas ou três costelas de Adão, mas não o fez por ser contrário à poligamia.


O que é tornar uma só carne?

Alguns não entendem o que é ser uma só carne. Alguns acham que se tornar uma só carne é assinar um documento no cartório ou receber a benção do pastor na igreja, mas não é isso. Leiamos:

“Ou não sabeis que o que se une à meretriz, faz-se um corpo com ela?”(Daí o aviso e exortação do Apóstolo) .

Quando há o coito ou ato sexual, o casal torna-se uma só carne e estão, aos olhos de Deus, casados. O Apóstolo Paulo explicou justamente isso aos corintios, condenando os que praticavam a prostituição, deixando claro que os casados já eram uma só carne com as suas esposas e os solteiros deveriam guardar-se para as suas futuras esposas, pois ao saírem com prostitutas tornavam-se uma só carne com elas e contaminavam as suas vidas espirituais (Obs: Em Corinto havia templos de prostituição e sair com uma mulher desses templos era considerado ato sagrado e, por isso Paulo esclareceu o assunto) (ICor.6:16).

SOBRE A SEPARAÇÃO E O NOVO CASAMENTO

Quando o casamento pode ser desfeito?

A princípio a resposta a essa pergunta é: “o que Deus ajuntou não separe o homem” (Mt.19:6). Esse versículo (Mt.19:6) nos deixa claro que, para Deus, deve haver só uma união matrimonial e que sua vontade é que dure para sempre. Entretanto, existem dois casos na Palavra de Deus que é licito contrair novas núpcias.

Os casos são os seguintes:


1) – Quando há o adultério – leiamos:

“Eu vos digo porém, que qualquer que repudiar sua mulher(isso vale também para o homem), a não ser por causa de infidelidade (adultério) , e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério” (Mt.19:9; 5:28-Mc.10:6-12).

“Não adulterarás” (Êx.20:14).

Quando interrogado acerca da separação conjugal e da carta de divórcio permitida por Moisés (Dt.24), Jesus começa todo um esboço sobre o tema referido. Sua declaração é dura, pois na lei mosaica poderia o marido repudiar a sua esposa por qualquer “ato indecente” ou que ele achasse indecente, porém o Senhor volta lá no princípio (Gênesis) e mostra o propósito do Pai – o casamento sem separação. Todavia, o Senhor nos narra aqui um motivo para que esse casamento venha a ter fim e outro possa ser contraído. O fator adultério é frisado nesta conversa com os judeus e explicado como o único motivo para a separação conjugal e ainda o texto nos deixa base para compreendermos claramente que o traído poderá até contrair novas núpcias e ainda ficar de acordo com a Palavra de Deus. Há também a possibilidade do perdão, se o adúltero se arrepender. Quando há arrependimento, por parte do adúltero, o melhor e mais aconselhável é perdoar e lutar para manter o casamento e a família unida.


2)– Em casos de viuvez

“Porque a mulher casada (isso vale também para o homem) está ligada pela lei a seu marido enquanto ele viver; mas, se ele morrer, ela está livre da lei do marido. De sorte que, enquanto viver o marido, será chamada adúltera, se for de outro homem; mas, se ele morrer, ela está livre da lei, e assim não será adúltera se for de outro marido” (Rm.7:2-3).

“A mulher está ligada enquanto o marido(ou esposa) vive; mas se falecer o marido(ou esposa), fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja no Senhor” (ICor.7:39).

A frase “até que a morte nos separe” é interpretada nos versículos citados acima e que bom seria se só a morte fosse o motivo da separação. O viuvo ou viuva não é obrigado a ficar sozinho na vida. Deus dá a liberdade a esta pessoa para encontrar outro companheiro cristão, para juntos terminarem a carreira. Isso é uma decisão de cada viúvo, se não casar, amém, se casar, aleluia!

Só nessas duas hipóteses é que poderá haver um novo casamento. Por isso a escolha de um esposo ou esposa é de extrema importância e não deve ser feita às pressas. É uma decisão para toda a vida e não uma experiência para ver se vai dar certo. A escolha errada poderá comprometer toda a vida de um indivíduo.


O CRENTE E O DESCRENTE

“ Mas aos outros digo eu, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher incrédula, e ela consente em habitar com ele, não se separe dela. E se alguma mulher tem marido incrédulo, e ele consente em habitar com ela, não se separe dele. Porque o marido incrédulo é santificado pela mulher, e a mulher incrédula é santificada pelo marido crente; de outro modo, os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos. Mas, se o incrédulo se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou a irmã, não está sujeito à servidão; pois Deus nos chamou em paz” (ICor.7:12-15).

O relato de Paulo é claro em relação ao crente e o descrente no matrimônio. O crente, por mais que sofra, nunca deverá tomar a iniciativa de procurar o divórcio. Afinal de contas o crente crê na promessa de Deus; “Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa” (At.16:31). Sabemos, infelizmente, de casos inadmissíveis que, embora o incrédulo não queira a separação, ele massacra seu cônjuge. Nesses casos aconselhamos, não o divórcio, mas que o agredido procure as autoridades competentes (Rm.13), pois mesmo o incrédulo é obrigado a cumprir as leis do seu país. É claro que essa atitude só é tomada em extrema necessidade. Devemos sempre estar dispostos a sofrer pelos não salvos, imitando assim o nosso Senhor. Devemos lembrar também que se o descrente apartar-se, o crente não deverá ainda assim contrair novas núpcias, ou seja, casar-se novamente. Certamente o descrente ao apartar-se, não vai querer ficar sozinho, e ao casar-se novamente comete o adultério, dando assim, ao crente liberdade para, se quiser, casar-se também.

HÁ PERDÃO PARA O ADÚLTERO?

Notei ao estudar o referido tema, que a maioria dos comentaristas não gostam de falar sobre como fica o adúltero. Será que para ele não há mais perdão? Existem denominações que o adúltero é excluído por, aos olhos deles, ter cometido um pecado imperdoável. Será isso ensinado pela Bíblia? E o poder do sangue de Jesus? Leiamos então:

“Então os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério; e pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. Ora, Moisés nos ordena na lei que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes? Isto os diziam, tentando-o, para terem de que o acusar. Jesus, porém, inclinando-se, começou a escrever no chão com o dedo. Mas, como insistissem em perguntar-lhe, ergueu-se e disse-lhes: Aquele dentre vós que está sem pecado seja o primeiro que lhe atire uma pedra. E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra. Quando ouviram isto foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos, até os últimos; ficou só Jesus, e a mulher ali em pé. Então, erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém senão a mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu te condeno; vai-te, e não peques mais”.

No texto lido é nos mostrado que Deus ama e se preocupa com o adúltero, embora abomine o adultério. O Senhor Jesus com prazer perdoou a mulher adúltera, mostrando que há perdão. É claro que não podemos nos esquecer do arrependimento da adúltera e da frase “vá e não peques mais”.

Qual é o pecado que não tem perdão

Quero explicar isso, pois já encontramos varias pessoas jogadas e sem esperança por causa de alguns conceitos errados sobre o adultério. Existem casos em que, por exemplo, o adúltero se arrependeu e voltou para com seu parceiro e nem assim foi perdoado pela denominação. Cabe aqui, então a nossa explicação sobre o “pecado que não tem perdão”. Leiamos: “Em verdade vos digo: Todos os pecados serão perdoados aos filhos dos homens, bem como todas as blasfêmias que proferirem; mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo, nunca mais terá perdão, mas será réu de pecado eterno” (Mc.3:28-29).

O Senhor Jesus, no texto acima, nos mostra que quando a pessoa fala mal de uma obra, sabendo que é de Deus e a imputa como sendo do Diabo, cometendo conscientemente então o pecado de blasfêmia contra o Espírito Santo, esse sim, não tem perdão. Certa feita eu perguntei, ao meu saudoso professor de teologia, como alguém poderia saber se cometeu esse pecado. Ele me respondeu dizendo: “Se dentro dele houver temor de cometer esse pecado ou ter cometido já é uma prova de que ele não cometeu. Em Jo.16:8 fala que o Espírito Santo é o que convence o homem da justiça, do juízo e do pecado. Só o Espírito de Deus pode trazer essa consciência de pecado e isso mostra que Ele ainda ama aquela pessoa, a qual está preocupada em ter blasfemado”. Entretanto comparar blasfêmia contra o Espírito Santo e adultério é errado.


O caso do Rei Davi

E o que dizer de Davi? Houve o adultério por parte desse homem de Deus, mas houve também o perdão, pois Davi arrependeu-se amargamente e clamou ao Senhor( Sl. 51)

É notório que Davi não só cometeu o adultério, mas também o assassinato de Urias e ainda casou-se com Bate-Seba. Entretanto, chorou amargamente e pagou um alto preço, pois o adultério nunca acontece sem ser acompanhado por uma grande desgraça. Davi alcançou o perdão de Deus (Leia: IISm.11 e 12), mas a custos elevadíssimos!

Guarde isso: “Sempre há perdão para aquele que se arrepende, mas o fruto do adultério fica trazendo dor e sofrimento. O adultério nunca compensa”.


E quando a pessoa vem para a Igreja separada do primeiro parceiro e amasiada com outro? O que fazer?

Muitos, ao se converterem, encontram-se em situações de grande embaraço. Muitas vezes, o casal recém convertido, vem de relações onde houve o divórcio e já convivem juntos a muito tempo. O que fazer? Voltar cada um com seu antigo cônjuge? Separar-se do segundo para, quem sabe, ajuntar-se novamente com o primeiro? E quando há filhos no segundo casamento? Antes de responder essas questões vamos à Bíblia: “Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido e vem cá. Respondeu a mulher: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem: Não tenho marido; porque cinco maridos tiveste, e o que agora tens não é teu marido; isso disseste com verdade” (Jo.4:16-18).

Acredito que as palavras de Jesus esclareceram a questão. O fato descrito acima é do encontro de Jesus com a mulher samaritana. Nesta oportunidade, o Senhor abre um dialogo e introduz a palavra de salvação. Quando percebe que a mulher está respondendo bem à mensagem, Ele pede para que o seu marido seja chamado e venha participar da conversa. A mulher, envergonhada e um tanto chateada, faz a alegação - “não tenho marido”. Nesse momento o Senhor argumenta que isso era verdade, pois ela havia tido cinco marido e o atual não era o dela. O Senhor não a desprezou por isso e nem lhe disse para voltar ao primeiro marido, mas o texto, mostra-nos a intenção do Senhor em abençoar o seu último casamento. Existem casos que é melhor abençoar a relação atual e esquecer o passado. A Bíblia diz que: “Pelo que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (IICor.5:17). Sabemos que cada caso é um caso e tem que ser analisado no prisma da misericórdia de Deus(Mt.9:13). Conheço pessoas que erraram e se arrependeram, mas quando procuraram a igreja não receberam auxílio e conforto espiritual. Há casos que não tem mais jeito, pois a primeira relação já está morta. Quando há a separação e o segundo casamento já foi consumado e até há filhos, entendo que o melhor é deixar como está. São tantos os fatores que o espaço aqui não nos permite ser mais abrangentes. Entretanto, citarei um caso como exemplo. A pessoa largou a primeira esposa, com qual tinha dois filhos, e contraiu novo relacionamento, do qual nasceu mais dois filhos. Um dia desses, esse homem, com a sua segunda mulher resolvem ir a uma igreja e ali se converterem. O que aconselharíamos a ele? Voltar com a primeira mulher, a qual talvez nem mais o quer, deixando a segunda com dois filhos pequenos ou aconselharíamos a manter o segundo casamento? Acredito que a segunda hipótese é a mais lógica, pois o próprio Paulo disse: “Cada um fique no estado em que foi chamado” (ICor.7:20). Neste texto Paulo se referia a relação conjugal e com certeza poderíamos aplicá-lo no caso citado. O segundo casamento precisa mais de união do que o primeiro. É claro que, quando podemos restaurar o que foi destruído, não hesitamos em fazê-lo. Agora, destruir para tentar construir, isso nunca.

CONCLUINDO

Devemos sempre estar orando e intercedendo pelas nossas vidas conjugais. O diabo, desde que o mundo começou, tem tentado contra a família e a sua homogeneidade. Sabemos, contudo que: “maior é o que está em nós e já somos mais que vencedores em Cristo Jesus”. Desejo e oro para que os casamentos sejam mantidos de acordo com o propósito de Deus e nunca se acabem. Que seu casamento seja uma grande benção por toda a sua vida. Deixo este salmo para sua meditação:

“»SALMOS [128] - Bem-aventurado todo aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos. Pois comerás do trabalho das tuas mãos; feliz serás, e te irá bem. A tua mulher(ou o seu marido) será como a videira frutífera, no interior da tua casa; os teus filhos como plantas de oliveira, ao redor da tua mesa. Eis que assim será abençoado o homem(ou a mulher) que teme ao Senhor. De Sião o Senhor te abençoará; verás a prosperidade de Jerusalém por todos os dias da tua vida, e verás os filhos de teus filhos. A paz seja sobre Israel (e sobre o Brasil)”.



Prof. João Flávio Martinez

É fundador do CACP, graduado em história e professor de religiões.


A Verdade x Tradição dos Homens

A verdade revelada

Autoria desconhecida – Texto modificado e adaptado

A ação do Espírito Santo quer trazer a todos os homens a revelação da Igreja de Jesus. Por séculos o homem foi tentando desviar a igreja da verdade, ao ponto de muitos entendê-la como um local de reuniões e não como um organismo vivo (corpo de Cristo). No conceito de muitos, a igreja foi transformada em uma instituição, sendo impregnadas de ritualismos vazios e filosofias humanas. Existe um grande contraste entre tradição (conceitos abraçados pelos homens, que são subtrações e distorções da verdade) e a verdade revelada que é pura e simples.

Ao longo dos séculos, o Senhor sempre manteve viva sua revelação. É constrangedor conhecermos a história de homens e mulheres, que viveram plenamente um amor profundo a Deus e a sua Palavra. Não somente no passado, mas nos nossos dias, a exemplo dos irmãos na China, Coréia do Norte, Índia e outros países que perseguem cruelmente aqueles que querem viver piamente em Cristo. Mas, vivemos em tempos de apostasia, por isso é importante que todos parem por um momento suas frenéticas atividades religiosas e procurem ver do ponto de vista de Deus.

Vamos tratar de alguns aspectos importantes.

PRIMEIRA PARTE: O EVANGELHO

1. A TRADIÇÃO

Pregação de todas as promessas e bênçãos sem o preço (evangelho das ofertas). O homem e sua felicidade é o centro da mensagem. O homem faz uma troca com Deus: aceita-o (?) como salvador, vai a “igreja”, deixa de fazer algumas coisas e recebe como prêmio o céu. Este comportamento leva o homem a concluir que:

§ O Reino de Deus é no céu

§ O Reino é no futuro (volta de Jesus)

§ A consagração total é um passo opcional

§ A salvação é essencialmente um passaporte para o céu

§ O homem é o centro de tudo

A ordem divina não é para o homem “aceitar” Jesus, uma expressão inexistente na Bíblia, mas de converter-se a Ele, arrepender-se de seus pecados e nascer de novo.Esta experiência não melhora o homem, mas mata-o e o faz ressurgir para uma nova vida, onde sua vaidade, orgulho, soberba, arrogância, materialismo, mente secularizada, rebeldia, ambição, busca do prazer, malícia, impureza, vício e coisas semelhantes vão ser extirpadas pela morte do velho homem e os atributos divinos vão ser implantados pelo surgimento do novo homem.

“De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição; Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado.”

(Rm 6:4-6)

“PORTANTO, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte.”

(Rm. 8: 1-2)

2. O EVANGELHO

Existem promessas, mas existem condições. As promessas não visam o bem estar material do homem, mas a implantação do Reino (governo) de Deus na vida do homem.

“Pelas quais Ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção...” (II Ped. 1:4)

Crer sem obedecer é ter uma fé morta, inoperante. "Vinde a mim” não tem valor sem “tomai meu jugo.”

“Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo, e tome a sua cruz e siga-me”.

(Mc 8:34)

“... desde então é anunciado o reino de Deus, e todo homem emprega força para entrar nele.”

(Lc 16:16)

“Assim, pois, qualquer de vós que não renuncia a tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.”

(Lc 14:33)

“Aquele que diz está nele, também deve andar como Ele andou.”

(I Jo. 2:6)

O Reino de Deus é o governo de Deus na vida do homem. O homem deixa de ser independente para ser dependente de Deus.

Em sua atitude perante o evangelho, podemos classificar os homens em três grupos bem distintos:

ü O INCRÉDULO

Não quer dizer necessariamente ateu. É alguém que não tem interesse em Deus. Qual é seu problema? É que governa sua vida. Controla todas as áreas de sua vida conforme sua própria vontade e para seu próprio prazer. Tem o “Eu” no centro da sua vida, e a partir disto, decide seus demais interesses (trabalho, lazer, família, etc.).

“Entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles.” (Ef. 4:18)

ü O RELIGIOSO

É diferente do incrédulo. Acredita em Deus, cogita Dele, pratica atos religiosos, freqüenta reuniões, chama Jesus de Senhor. Mas qual é o seu problema? O mesmo do incrédulo. Tem o Eu no centro. Vive para si mesmo (embora cante que vive para o Mestre). Deus existe para salvá-lo e abençoa-lo. É um quebra-galho, é apenas uma das suas cogitações. Este está pior que o incrédulo, porque está se enganando.

Negar-se a si mesmo (Mc 8:34) não é negar apenas alguns pecados. É tomar a cruz (Mc 8:34). Mas que é tomar a cruz? É perder a vida (Mc 8:35). Como ocorre isto? Devo morrer literalmente? Não. Esta é uma realidade espiritual, é o próprio arrependimento. Até hoje, a vida era minha, eu era meu dono. Mas agora eu perco, para me submeter ao Senhorio de Cristo. Mas para isto eu devo estar disposto a perder a vida, pois o arrependimento implica renuncia a tudo (Lc14: 33).

O Religioso, tal como o incrédulo, tem o Eu no centro de sua vida, a diferença é que entre suas cogitações está Deus, além de trabalho, lazer etc.

ü O DISCÍPULO OU SEGUIDOR DE JESUS

Experimentou aquilo que Jesus chamou de novo nascimento (João 3). Toda sua vida é estruturada em função da vontade de Deus. Ele é governado por Deus. Este experimentou um verdadeiro arrependimento. Ele não abandona alguns pecados, mas corta a raiz da árvore que é a independência. Se deixarmos de praticar algumas coisas sem romper com sua fonte, o máximo que conseguimos é frustração. O religioso poda galhos da árvore (pecados), mas não extirpa o problema fundamental do homem: independência (a raiz da árvore). Paulo verificou uma realidade do homem, descobrindo três leis:

I. A Lei do pecado e da morte

Nasce conosco, pois nascemos de carne e herdamos a independência. Enquanto não passarmos por uma real experiência de arrependimento, vamos ser obrigados a pecar, mesmo que não queiramos. O arrependimento não é remorso, é mudança de atitude, ou seja, o homem perde sua independência e torna-se dependente de Deus.

Em Romanos 7, Paulo expõe com clareza a realidade do homem natural, é governado por uma lei que está em seus membros, a lei do pecado e da morte.

II. Lei das ordenanças

A religião impõe ao homem várias regras de comportamento (Col 2: 20-23), tentando implantar algo novo no homem, porém a Palavra afirma que a lei não aperfeiçoou coisa alguma (Rom 7:13). Deus não nos chama para sermos simples praticantes de seus princípios, mas para morrermos para nós mesmos (Rom 6) para que Jesus viva em nós a sua glória (Col 1:27, Rom 8:14).

III. Lei do Espírito de Vida em Cristo

Opera a salvação, que á a libertação total do velho homem, com todos seus desejos (Rom 6 a 8). Sendo liberto do pecado, o discípulo tem como alvo imitar a Deus (Ef. 5:1) e de se tornar participante da natureza de Deus (II Ped 1:4 ,Jo 3:9). Ser nascido de Deus é receber a sua semente (Sêmen) que é enxertado em nossos corações brotando frutos dignos de arrependimento (I Jo 3:5, Lc 3:8-14, Mt 7:16-29).

Muitos tentam transformar a graça de Deus em desgraça. A graça é pregada, muitas vezes, como absolvição imediata do pecado ou consentimento de Deus para não praticarmos tudo que Jesus viveu. A graça, no entanto, é o poder de Deus derramado em nossas vidas, nos capacitando a viver governados por sua vontade, tendo condições de renunciar este mundo (Gl 5:16).

Gostamos de nos apossar de alguns trechos da Palavra, porém não atentamos diligentemente para viver a vontade de Deus, dispostos a padecer para praticar toda justiça (II Tim 3:12).

“Mas se, fazendo o bem, sois afligidos, e o sofreis, isso é agradável a Deus. Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais suas pisadas” (I Ped. 2:20-21).

Em resumo, o Reino de Deus é o fim da independência do homem. Deus quer assumir o governo da vida de cada pessoa. O arrependimento é mudança de atitude interior, isto é, deixamos à independência e passamos a ser dependentes de Deus. Da atitude de rebelião (faço o que quero) para uma atitude de submissão (pertenço a Deus para fazer o que lhe apraz). Quando mudamos nossa atitude para com Deus, mudamos nossos atos. Quando mudamos só os atos e não a atitude, estamos em rebelião e tudo que conseguimos é viver uma vida cheia de contradições e hipocrisias, sem que o evangelho possa fazer alguma diferença concreta, apenas disposições passageiras e pactos finitos. Tozer dizia: Não há nada mais trágico que alguém passar uma vida toda freqüentando um local de reuniões religiosas, e no fim da vida não poder usufruir da presença graciosa de Jesus.

“Pelo que não sejais insensatos, mas entendei qual seja a vontade do Senhor.”

(Ef. 5:17)

SEGUNDA PARTE: EVANGELHO X TRADIÇÃO


A TRADIÇÃO

A REVELAÇÃO

1. BATISMOÈ Não passa de um símbolo. Não é necessário para a salvação, nem para perdão de pecados. É um passo de obediência, um testemunho público de fé.


1. BATISMOÈ É realidade na nossa vida. É ato pelo qual, pela fé, somos colocados em Cristo Jesus. Nesse momento opera-se a salvação e o perdão dos pecados (At. 2:38; Mc. 16:16; Cl. 2:12, 13). O batismo deixa de ser um mero símbolo para se tornar um ato através do qual o discípulo é enxertado no corpo de Cristo, passando a fazer parte da família de Deus.


2. CONFISSÃO DE PECADOSÈ Deve-se confessar os pecados a Deus.


2. CONFISSÃO DE PECADOS Èé o “andar na luz” (I Jo. 1:7-9). Há mandamento específico para se confessar os pecados uns aos outros (Tg. 5:16). Era prática dos discípulos (Mt. 3:6; At. 19:4, 18).


3. DONS ESPIRITUAIS È O grupo tradicional vê os dons e carismas sobrenaturais como coisa do passado, entendendo que terminaram no tempo dos apóstolos. Já o grupo pentecostal aceita a manifestação dos dons nos dias de hoje, todavia têm conceitos místicos sobre o assunto, de modo que supervalorizam as pessoas que manifestam dons e as tratam com privilégios, como se fossem “mais espirituais”, chegando até a substituir as autoridades delegadas na Igreja pelos que manifestam determinados dons. Além disso, substituem a própria palavra de Deus pelo dom, como p.ex., a profecia.


3. DONS ESPIRITUAIS È Os dons são complementos da Palavra. A Palavra de Deus (Bíblia) é absoluta e inquestionável. Daí, os dons devem ser julgados (I Co. 14:29; I Tess. 5:20-21). A manifestação de dons não é indicativo de santidade. Pode-se ter muitos dons e ser carnal (Mt. 7:21, 22; I Co. 3:1; 13:1-13). Deus não governa através da manifestação de dons, mas sim pelos ministérios e autoridades delegadas (I Co. 12:28). Jesus não usava os dons como atrativo. Ele pedia que não contassem a ninguém quando realizava algum milagre.


4. CEIA DO SENHOR ÈO pão e o vinho são meros símbolos recordatórios da morte do Senhor (esta postura foi uma reação contra a posição católica). Não se vê a ceia como algo sobrenatural, momento de comunhão da família de Deus, onde o corpo de Cristo é partilhado com todos.


4. CEIA DO SENHOR ÈO sinal exterior (pão e vinho) quando recebidos pela fé tornam-se realidades em nossas vidas (Jo. 6:53-57). É momento de comunhão dos filhos de Deus. É momento íntimo e privativo da família do Pai. Por isso não se deve participar da ceia quem não é filho, podendo advir sobre o tal conseqüências até físicas (I Co. 11:30).


5. DOUTRINA ÈSão conceitos sobre Deus, Jesus, Espírito Santo, Bíblia. São elaborados de acordo com a interpretação dos homens, por isso existem várias “doutrinas” sobre mesmos assuntos.


5. DOUTRINA ÈSão orientações práticas para a vida diária de um discípulo, extraídas não da visão de homens, mas da revelação pura da Palavra. São preceitos para serem cumpridos incondicionalmente (Tt. 2:1; Mt. 7:28-29).

TERCEIRA PARTE: TRADIÇÃO X REVELAÇÃO


A TRADIÇÃO

A REVELAÇÃO

1. IGREJA è é a denominação sectária e o local de reuniões: - “Minha igreja” “Vou à igreja”.

2. IGREJA è é o corpo vivo de Cristo - é uma só. A igreja da localidade é formada por todos aqueles que são submissos ao Senhor. (Ef. 1:22, 23; 5:25-27)

2. MINISTÉRIO è é o serviço de alguns especialistas muito bem preparados em seminários.

2. MINISTÉRIO è todos os santos são sacerdotes. Todos têm um ministério. (I Pd. 2:9; Ef. 4:12)

3. PASTOREIO è Pastor solitário e um “faz tudo.”

3 PASTOREIO è um corpo de presbíteros (At 20:17; Tt 1.5; At 13:1).

4. EDIFICAÇÃO è em grandes reuniões e em “templos”, pulpitocentrismo, sermões elaborados, reunionismo.

4. EDIFICAÇÃO è nas casas (Rm 16:10-11; 14:15; At. 2O: 20; I Cor 16:15-19; Fp 4:22; Cl 4:15). Nos relacionamentos de corpo (Ef 4.15-16; Cl 2:19).

5. UNIDADE è mística, invisível e universal.

5. UNIDADE è prática, visível e na localidade (Jo 17).

Todos os bons movimentos de renovação originaram de uma volta a um ponto comum: a igreja primitiva, os ensinos de Cristo e dos Apóstolos.

O problema se origina quando um desses movimentos, depois de uma trajetória, não segue buscando a origem do cristianismo para sua orientação futura, mas sim a sua origem particular. A maioria fica mais fiel às idéias dos fundadores do que a Palavra.

Para não cair no sectarismo, devemos recorrer permanentemente à nossa origem: Cristo e os Apóstolos. Não devemos ser fiéis à restauração, mas ao SENHOR JESUS.

QUARTA PARTE: ANDAR NA LUZ

“Vós sois a luz do mundo...” (Mt. 5:14, 16). “Para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo.” (Fp. 2:15).

A igreja tem sido ludibriada num ponto vital: o fato de ser corpo, onde um depende do outro. Satanás tem subtraído isto da igreja! Substituiu o fato e a verdade de quesomos membros uns dos outros, pelo sofisma de que cada um é um salvo (eu sou, tu és, ele é, somos salvos), e como salvos que somos, como bons cristãos que somos, devemos amar, buscar e servir uns aos outros. Mas isto não é verdade? Sim, é verdade! E qual é o sofisma então? É que aquilo que é uma verdade imutável e fruto da condição inalterável da igreja ser corpo, passa a ser um dever cristão que podemos cumprir em maior ou menor escala.

Isso trás reflexos diretos e decisivos sobre a minha postura perante a igreja. Porque se creio que apenas sou mais um salvo, minha vida diz respeito só a Deus, meus pecados e erros ferem só a Deus, e minha confissão deve ser feita só a Deus.

Se, porém, eu entendo que fui batizado, enxertado em um corpo (I Co. 12:12, 13, 26,27), eu vou saber que a minha vida diz respeito à igreja que é o corpo de Cristo. Os meus pecados desonram a igreja e a minha confissão deve ser feita diretamente à igreja (I Co. 10:16, 17; 11:29).

Eu não estou só! Eu sou corpo! (I Co. 12:14; Rm. 12:5). A vida que tenho em Cristo é a vida da igreja, o Espírito que habita em mim é o Espírito que está na igreja. “Pois, em um só Espírito todos nós fomos batizados em um corpo... E a todos nós foi dado beber de um só Espírito.” (I Co. 12:13). Eu sou enxertado no corpo de Cristo e posso beber do Espírito Santo. Aleluia! O Espírito Santo na igreja é como o sangue no corpo humano: leva a mesma vida a todos os membros, está em todos os membros, mas não é propriedade particular de nenhum deles. Está no corpo. Se algum membro é desligado do corpo, morre e apodrece, porque perde a vida da qual era participante enquanto corpo. O corpo, contudo, continua vivo (Ef. 4:30; I Tess. 5:19; Hb. 6:4-6). É assim na vida natural como na espiritual.

Somos corpo (I Co. 12:27) e não temos como nos ocultar dele. “Para que não haja divisão no corpo; pelo contrário, cooperem os membros, com igual cuidado, em favor uns dos outros. De maneira que se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam.” (I Co. 12:25-26). Assim, se estamos bem, o corpo sabe, se estamos mal, o corpo também sabe.

Isto pode parecer muito abstrato. Como acontece na prática? O entendimento de que sou corpo e que dependo do mesmo, impede-me, proíbe-me de ocultar-me dele. A minha consciência me leva a andar na luz, no temor do senhor.

Vejamos, então, o que diz a Palavra sobre a necessidade de nos fazer conhecidos à igreja, ou seja, andar na luz.

1. Andar na Luz:

“Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu filho, nos purifica de todo pecado.”

“Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda a injustiça.” (I Jo. 1:5-9).

“E não sejais cúmplices nas obras infrutuosas das trevas, antes, porém, reprovais. Porque o que eles fazem em oculto o só referir é vergonha. Mas todas as coisas quando reprovadas pela luz, se tornam manifestas; porque tudo que se manifesta é luz.” (Ef. 5:8-14).

“Pois todo aquele que pratica o mal, aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de não serem argüidas as suas obras. Quem pratica a verdade aproxima-se da luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque feitas em Deus.” (Jo. 3:19-21).

Os textos falam sobre confessar, revelar o que está oculto, escondido nas sombras, ou seja, manifestar. Andar na luz, portanto, é tornar-se manifesto, conhecido, mostrar-se tal como é, sem capa nem máscara. Não é algo místico, subjetivo e sem expressão prática do tipo “estou na bênção”, “estou na graça”. Não. Andar na luz, envolve decisão e confissão: exposição voluntária. É permitir que saibam o que eu fui e o que sou. O que fiz e o que faço. Não ter nada escondido na minha vida. No momento que ando na luz, a luz revela quem sou. Se estou em trevas, não sabem quem sou e como estou, nem eu conheço a mim mesmo.

Jesus nada disse em oculto (Jo. 18:20). Se somos discípulos de Cristo, temos que ser iguais a Ele (I Jo. 2:6). Todo verdadeiro discípulo de Jesus tem que ser capaz de dizer tudo o que tenha feito e dito na vida, para se tornar conhecido. “Quem procura esconder seus pecados será sempre um fracasso. Quem confessa e deixa, será perdoado.” (Pv. 28:13, v. II Tm. 3:7).

Duas perguntas são necessárias: 1) de quem esconder? 2) A quem confessar? A resposta traduz a prática da grande maioria dos cristãos: esconde de Deus, confessa a Deus. Será que Deus precisa realmente que lhe revelemos alguma coisa? Será que existe alguma coisa que Ele não sabe? Vejamos:


Jr. 16:17


Ninguém se esconde de Deus.


Sl. 90:8


Os pecados ocultos sob os olhos de Deus.


Pv. 15:11


Os corações descobertos aos olhos de Deus.


Jr. 17:9-10


Deus prova os corações e os pensamentos.


Sl. 44:21


Deus conhece os segredos dos corações.


Sl. 139:1-12,23


Deus perscruta todo o homem.


Dn. 2:22


Deus revela o escondido.


Hb. 4:13


Tudo está patente aos seus olhos.


Pv. 20:27


O espírito do homem é a lâmpada do Senhor a qual esquadrinha todo o mais íntimo coração.


Is. 29:15-16


Ai dos que se escondem do Senhor.


I Co. 4:5


Ele julgará os desejos do coração.


Mc. 4:22


Tudo será revelado.


Rm. 2:16


Os segredos do homem serão julgados.


Pv. 28:13


De quem encobre? A quem confessa?

Deus não precisa de que lhe confessemos (revelemos, manifestemos) nada. O que ele exige é um coração arrependido e um espírito quebrantado, ou seja,arrependimento. (Jr. 13:22; Os. 5:14-15; 6:1-3).

Foi isto o que aconteceu no Édem: Deus viu e sofreu com a desobediência do homem. Mas o homem precisava manifestar-se voluntariamente, por isso as perguntas: Onde estás? — Deus não estava vendo? — Quem te fez saber? — Deus não sabia?

Sim, Deus testemunhou tudo, mas com isto Ele introduzia um princípio de cura para o coração culpado (Gn. 3:8-11; Pv. 21:8). O sentimento de culpa esmaga a consciência e transtorna o caminho do homem (II Co. 2:5-11; Lc. 22:61-61). A isto se chama de má consciência. Os que insistirem nisso, agindo contra a própria consciência e mantendo-se em oculto, tornam-se hipócritas e terminam naufragando na fé (I Tm. 1:5, 19; 3:9; Hb. 12:16-17), além de sofrer o juízo de Deus (Hb. 10:22, 26-31).

É impossível escapar das conseqüências do pecado (Gl. 6:7-8). Se os confessamos, obtemos perdão e graça. Ainda que soframos as conseqüências, escapamos da condenação (II Sm. 12:12-14; Pv. 28:13). Se os encobrimos, levaremos uma vida de tormento e por fim seremos alcançados pelas conseqüências. Confira: “o vosso pecado vos há de achar”. (Num. 32:23) com “... achou Deus a nossa iniqüidade.” (Gn. 44:16; 42:21-22).

Fica claro que não é a Deus, mas aos homens que temos que manifestar nossa vida (II Co. 1:12; 4:2; 8:21) e confessar nossos pecados (I Jo. 1:7) para mantermos comunhão e recebermos a purificação pelo sangue de Jesus. Se mostro minha sujeira, sou purificado. Se a escondo, permaneço imundo. Sempre que há pecado, há abertura para Satanás naquela vida. Tudo aquilo que permanecer em trevas será domínio do diabo (I Jo. 1:5-6,8).

Na prática, as religiões “cristãs” conseguiram confundir este ensino, de modo que os protestantes não o praticam para contrariar os católicos. Ora, a igreja não é protestante, nem católica, nem isto ou aquilo, como também Deus não é protestante, nem a igreja começou com Lutero. O propósito de Deus de convergir tudo para Jesus, formando a partir Dele uma família (igreja, que é seu corpo) é de antes da fundação do mundo e não pode se moldar a interpretações humanas. Deus é absoluto, seus princípios são absolutos, doam a quem doer. Outra questão levantada é que os homens não merecem confiança. E muitos chegam até a usar a Bíblia, Jr. 17:5, para apoiar sua desculpa em não confessar. Ora, este texto de Jeremias se refere à confiança em si próprio, denotando auto-suficiência, soberba, independência do Senhor, como também substituição da confiança no Senhor, pela confiança em homens, sistemas, organizações. O discípulo tem que se relacionar com os irmãos em uma disposição de confiança e segurança (Rm12: 10). Sem confiança não há comunhão. E se alguém trai esta confiança, o prejuízo não é de quem confia, mas do traidor. Veja o que ocorreu com Jesus e Judas, como também José e seus irmãos. O motivo real de não cumprir a palavra de Deus no que se refere à confissão é um só: preservação da imagem (Jó 31:33-34).

A confissão gera cura (Tg. 5:16), refrigério para a alma. Através da confissão, mantemos a comunhão no corpo e recebemos o perdão de Deus. É bem provável que não escapemos das conseqüências, mas por certo nos livramos da condenação do pecado. Certa feita algumas irmãs chegaram para determinado presbítero apavoradas, pois o que tinham a confessar para os seus esposos poderia causar dano sério em suas vidas, pelo que temiam a confissão, ao que o presbítero lhes respondeu: “se os seus maridos lhes causarem grande mal ao ouvirem a confissão, não é pela confissão (que gera cura), mas pelo pecado (que gera morte).”.

2. Qual a prática bíblica?

Velho Testamento


Nm. 5:7; Lv. 6:2-4

Confissão e restituição

Js. 7:19-20

Deus revelou o culpado, mas exigiu confissão

Jó 33:27

Mostra um costume da antigüidade

Novo Testamento


Lc. 19:1-10 e At. 19:18-19


Confissão por novos convertidos


Mt. 18:15-18 e Tg. 5:16


A prática da Igreja


I Tm. 5:19-21


Os líderes

Só a confissão com arrependimento pode produzir cura e perdão. Quando ocultamos nossos pecados, buscamos justiça própria (há até quem faça penitência: jejua, ora, faz vigília). Deus rejeita (Is. 64:6; 43:24-26). Nossa justiça é Cristo (I Co. 1:30-31; I Jo. 1:7-9; Rm. 10:4; 5:8-11; II Co. 5:21; Is. 53:5-6). Aleluia!

A igreja é o corpo de Cristo e ele nada faz fora dela

(Ef. 1:22-23).

 
 


Faz de Mim Um Homem Segundo o Teu Coração!





No dia 8 de novembro de 1927, quando estava completando 38 anos de idade, fiz esta oração: “Senhor, faze de mim um homem segundo o teu coração”. O interesse no trabalho começou a desvanecer-se; coisas que antes pareciam importantes sumiram do horizonte; os assuntos e objetivos nos quais eu estava mais interessado tomaram um lugar secundário, enquanto minha vida interior diante de Deus passou à frente. De repente, era tudo o que importava para mim, o que realmente valia a pena. Enquanto andava para lá e para cá no meu quarto, aquele dia, eu orei, e orei com insistência no Espírito: “Senhor, faze de mim um homem segundo o teu coração”.

Vi, como nunca antes, que o importante não era o trabalho que estava realizando, os livros que estava escrevendo, os sermões que estava pregando, as multidões que conseguia atrair nem o sucesso que estava conquistando; o que realmente importava era a vida que eu estava vivendo, os pensamentos do meu coração, a santidade interior, a prática da justiça – em suma: a transformação da minha vida, pelo Espírito Santo, à semelhança de Cristo.

Fui impactado ali, de maneira nova e mais profunda, com o significado das palavras: “Oh, como anseio por uma intimidade maior com Deus!” Meu coração foi tomado por um clamor angustiado por tal experiência. “Andou Enoque com Deus”(Gn 5.24). Eu não poderia, também? Não sou mais precioso para Deus do que o meu trabalho ou minhas possessões? Deus queria a mim, não apenas o meu serviço.

Depois disso, ele me levou a orar, a pedir que ele fizesse de mim um homem segundo o seu coração. Nessa oração, fiz as seguintes petições: “Senhor, eis aqui minhas mãos; eu as consagro a ti. Que nunca toquem em coisa alguma que desonre a ti. Que nunca entrem em ambientes em que tu não te sintas confortável”.

“Senhor, eis aqui os meus olhos; que jamais olhem para algo que entristeça o Espírito Santo. Que meus ouvidos jamais atentem para alguma palavra que desonre o teu Nome. Que minha boca nunca seja aberta para falar qualquer palavra que tu não queiras ouvir. Que minha mente não retenha um pensamento ou ideia que ofusque o senso da tua presença.”

Colocando Deus em primeiro lugar

Vi, naquele instante, que Deus exige toda a minha atenção, sem concorrência alguma. Todas as outras coisas devem ficar em segundo lugar. Amigos e entes queridos, casa, dinheiro, trabalho, tudo – mesmo sendo coisas legítimas – deve dar lugar a Cristo! Dia e noite, minha atenção deve ser direcionada somente a ele. Deus em primeiro lugar! Assim deve ser minha atitude em relação a ele. Só então, ele será capaz de me abençoar e usar.

Percebi que, no meu relacionamento com Deus, não posso permitir que coisa alguma surja entre nós. Assim como um marido está em primeiro lugar no afeto de sua esposa, e vice-versa, da mesma forma, Deus deve ocupar o primeiro lugar no meu coração. E exatamente como um casamento nunca será feliz se cada um não dedicar sua atenção integral, sem concorrência, ao outro, minha comunhão com Deus também só pode ser completa quando minha atenção for dedicada exclusivamente para ele.

O que ele pediu de mim aquele dia, ele pede de todos sem distinção. Será possível que vamos negar-lhe aquilo que é seu por direito? Existe alguma coisa, neste mundo, que mereça a atenção reivindicada por ele? Por que, então, insistimos em reter o que ele deseja? Existe alguma alegria genuína a ser encontrada fora de Deus? Podemos nos satisfazer com meras “coisas”?

Objetos, coisas materiais, possessões podem trazer alegria? “A vida de um homem não consiste na abundância dos bens que ele possui” (Lc 12.15).

Deus nos criou para si mesmo!

Ele anseia por nossa amizade e comunhão. Andar com ele momento a momento, aqui mesmo, no meio de uma geração má e adúltera, em um mundo que não dá valor algum a uma vida separada, governada pelo Espírito Santo, em um mundo cujo deus é Satanás; viver como peregrinos e estrangeiros neste mundo que crucificou nosso Senhor – esse é seu desígnio e propósito para nós.

Ser um homem segundo o coração de Deus, portanto, significa colocá-lo em primeiro lugar; andar com ele em todos os momentos; não fazer nada para desagradá-lo e não tolerar a permanência de qualquer coisa que possa entristecê-lo; viver uma vida de justiça e santidade diária diante dele; dar-lhe nossa atenção integral, sem concorrência, e amá-lo acima de todas as coisas!

Para receber o melhor de Deus, devemos dar a ele o nosso melhor. Para nos tornarmos homens e mulheres segundo o seu coração, devemos entregar-lhe toda a nossa atenção e nosso afeto. Para ganhar, precisamos nos render. Para viver, precisamos morrer! Para receber, é preciso dar!

Que alegria é ter uma vida como essa! Não há nada que possa se comparar. Todo o sucesso do mundo não serve como compensação. Amigos nunca terão tamanho significado para nós. Mesmo os parentes mais íntimos podem nos decepcionar. O dinheiro traz um peso de perigo e responsabilidade, assim como a fama gera ilusão e amargura. Mas Deus, ele satisfaz de verdade! Jesus nunca desaponta nem decepciona. Andar com ele é a experiência mais doce na Terra. Saber que tudo está bem, que não existe problema nem obstáculo algum entre nós, que nenhuma nuvem negra de pecado esconde seu rosto de nós – ah, esse é o Céu, de verdade!

Vamos, então, fazer esta oração, com profunda e verdadeira convicção, expressando-a com nossa vida: “Senhor, faze de mim um homem [mulher] segundo o teu coração!”

por Oswald J. Smith

Colaboração: "O Arauto de sua Vinda"


A DOUTRINA DO PECADO

Por: Pr. João Marcos

Sua influência na Criação
Rm 5.12

I. INTRODUÇÃO

As Escrituras põe em relevo dois grandes princípios ou qualidades morais antagônicas: a Santidade de Deus (bem) versus o pecado (mal), recebendo dela ampla e adequada atenção.

II. A DOUTRINA DO PECADO

HAMARTIOLOGIA

1. O Pecado

1.1. Definição

a) Pecado é deixar de se conformar à lei moral de Deus, seja em ato, seja em atitude, seja em natureza;
b) O pecado é aqui definido em relação a Deus e sua lei moral. Inclui não só atos individuais, como roubar, mentir ou cometer homicídio, mas também atitudes contrárias àquilo que Deus exige de nós.

1.2. Sua Origem

a) De onde veio o pecado? Como ele penetrou no universo?
b) Deus não pecou e não deve ser culpado pelo pecado (Dt 32.4; Gn 18.25; Jó 34.10; Tg 1.13; 1Pe 1.16;1Jo 1.5);
c) Tampouco foi do homem – Criado “à sua imagem; à imagem de Deus o criou" (Gn 1.27,31; Ec 7.29);
d) Quando Adão e Eva foram criados, o mal já existia no universo.
e) A origem do pecado foi Lúcifer, o Diabo (Jo 8.44; 1 Jo 3.8; Ez 28.14; Is 14.13,14)
- rebelou-se contra Deus (Ez 28.15,16; Lc 10.18)
- Desde então, o diabo tornou-se o adversário de Deus (Is 14.13; Mt 12.24)
f) Por que Deus permitiu que Lúcifer caísse?
- possuía o livre arbítrio, coisa que sempre Deus considera
- abusou dessa extrema liberdade, e sofreu as conseqüências, tornando-se opositor de Deus.
g) Assim, o homem pecou, os anjos pecaram, e nos dois casos o fizeram por escolha intencional e voluntária;

1.3. A arma que o inimigo usa é a tentação

a) No Édem (Gn 3.1-24)
b) O verdadeiro amor a Deus se manifesta na obediência à sua palavra (Jo 14.15,23; 15.14);
c) O próprio Filho de Deus foi tentado (Lc 4.1-13; Hb 4.15; 5.8)

2. Seu Significado e Realidade

2.1. Realidade

a) Um fato da revelação (Rm 3.23; 5.12; Gl 3.22; Ec 7.20)

b) Um fato da observação
- manifesto em toda a parte;
- revela-se sutilmente ou de forma hedionda
c) Um fato da experiência humana (Is 6.5; 1Tm 1.15; Js 7.20; Jr 17.1; Lc 5.8; Jó 40.4)
- a consciência testifica inequivocamente da realidade do pecado;
- todos sabem que são pecadores;
- senso de culpa, remorso da consciência, por causa do mal praticado;
- a Escritura declara, a observação descobre e a experiência humana comprova o fato do pecado

2.2. Negativamente considerado

a) Não é um acontecimento fortuito ou devido ao acaso, que não envolva culpa por parte dos pecadores
- não é um acidente (Rm 5.12)
- resultou de um ato de desobediência responsável por parte de Adão
b) Não é mera debilidade da criatura, pela qual o homem não deve ser responsabilizado ou tido por culpado
- não se trata apenas de debilidade ou fraqueza (Jr 17.9)
c) Não é mera ausência do bem, nem falta de retidão positiva
- não é simples negação (Rm 7.14)
- que o mal e a ausência do bem, e que o pecado é a ausência da retidão;
- existem formas de pecados extremamente agressivas e malignas;
- a Bíblia ensina que o pecado e o mal têm existência positiva, e que são ofensa contra Deus;
d) Não é um bem da infância
- não é um passo para trás (1Jo 3.4)
- não é imaturidade, falta de desenvolvimento ou advindo de características primitivas;

2.3. Positivamente Considerado

- brecha ou rompimento de relações entre o pecador e o Deus pessoal;
- manifesta-se de muitos modos;
- Jesus demonstrou o modelo de vida ideal; relatou que a fonte do pecado surge no intento íntimo do homem; “um simples pensar”, avançou o campo da culpa;
a) É o não desobrigar-se dos deveres para com Deus
- estar destituído da glória de Deus (Rm 3.23), incapaz de atingir o padrão divino (Rm 8.3,4)
- omissão do dever (Tg 4.17), a inércia é pecar; saber o que deve ser feito e não agir;
- declínio espiritual (Jr 14.7), quando a alma se distancia de Deus (Is 59.1,2)
b) É a atitude errada para com a Pessoa de Deus
- os desígnios insensatos (Pv 24.9), que desonram e depreciam o Ser de Deus
- a prática do orgulho e da arrogância (Pv 21.4), auto-exaltação;
- murmuração contra Deus (Nm 21.7; Lv 24.15,16; 1Co 10.10,11; Jd 16), expressa insatisfação com a providência divina;
- blasfêmia contra o Espírito Santo (Mc 3.29), significa detração ou calúnia, forma agrava do pecado
c) É a ação errônea em relação à Vontade de Deus
- condescendência duvidosa (Rm 14.19-23; 1Jo 3.18-22), transigência, na dúvida desagrada a Deus;
- rebeldia e obstinação (1Sm 15.23), vontade forte de seguir no erro;
- desobediência (Jr 3.25), desafio aberto e insubordinação contra Deus
- a transgressão da Lei (1Jo 3.4), ultrapassar a linha divisória, transpor as regras bíblicas;
d) É a ação errônea em relação aos homens
- favoritismo (Tg 2.1-4,9), acepção de pessoas em nossas relações;
- toda injustiça (1Jo 5.17), pecar contra nossos semelhantes é o mesmo que pecar contra Deus;
- desprezo ao semelhante (Pv 14.21), desobediência ao mandamento divino e incoerência com a vida sintonizada com Deus;
e) É a tendência natural para o erro (Rm 7.15-17; 8.7;1Jo 1.8; Jr 13.23)
- inclinação para a desobediência e a iniqüidade
- pecar é contrariar a vontade de Deus;

3. Sua Extensão
3.1. Influência na Criação

- o pecado afeta o céu, a terra e seus habitantes
a) Os céus (Ef 6.11,12; Is 14.12-15; Jó 1.6; Zc 3.1; Lc 10.18; Ap 12.7-9)
- o pecado e a queda de Satanás afetaram os céus, infestando as regiões celestes
b) A terra
- o reino vegetal (Gn 3.17,18; Is 55.13), foi amaldiçoado por causa do pecado do homem, porém será redimido na volta de Cristo
- o reino animal (Gn 9.1-3; Is 11.6-9), haverá paz
c) a raça da humanidade (Ec 7.20)
- todos pecaram (Rm 3.10,23; Sl 14.2,3; Is 53.6; 1Jo 1.8-10)
- todos são culpados perante Deus (Rm 3.19; Sl 130.3; 143.2; Gl 3.10)
- os homens são filhos da ira (Ef 2.3; Jo 8.44; 1Jo 3.3-8), por natureza, mais quando somos alcançados por Cristo, passamos a ser filhos de Deus;
- afastados de Deus (Ef 4.18; 1Co 2.14), a ponto de não ser mais objeto de sua afeição;
- corruptos e enganosos quanto à sua natureza (Jr 17.9; Gn 6.5,12; 8.21; Sl 94.11; Rm 1.19-31), relação anormal para consigo e seu semelhante;
- escravizados pelo pecado e mortos no pecado (Rm 6.17; Ef 2.1; Rm 7.5,7,8,14,15,19,23,24), tira a liberdade de viver, transformando em vil escravo, levando a morte (física, espiritual e eterna)
- antagônicos para com Deus e identificados com seu adversário (Rm 8.7,8; Ef 2.2)
- seus corpos debilitados e condenados a morte (2Co 4.7; Rm 8.11), até a obra redentora de Cristo se completar;
- aviltados em seu caráter e conduta (Tt 3.3; Ef 2.3; Cl 3.5-7), recipiente de toda uma natureza depravada;
3.2. O castigo do pecado
a) Castigo divino do pecado funcione realmente como elemento inibidor;
b) A justiça de Deus o exige, para que ele seja glorificado no universo que criou (Ez 18.4);
c) Ele é o Senhor que pratica “misericórdia, juízo e justiça na terra; porque destas coisas me agrado, diz o Senhor” (Jr 9.24).

III. CONCLUSÃO

Parece que o pecado permeou todo o universo, incluindo cada reino da criação e afetando cada raça e espécie entre as criaturas, com resultados funestos. Contudo:
“Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu filho...., para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que recebêssemos a adoção de filhos”(Gl 4.4s). Essa declaração aponta para a desolação da qual Deus liberta o homem por meio de Cristo.
“A lei veio de lado para que avultasse a transgressão; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça” (Rm 5.20).

O livro de Apocalipse

Autor: Apóstolo João
Data: Cerca de 79—95 dC

Autor

O autor se refere a si mesmo quatro vezes como João (1.1,4,9; 22.8). Ele era tão bem conhecido por seus leitores e sua autoridade espiritual era tão amplamente reconhecida que ele não precisou estabelecer suas credenciais. A Antiga tradição eclesiásticas atribui unanimemente este livro ao apóstolo João.

Antecedentes e Data

As evidências em Apocalipse indicam que foi escrito durante um período de extrema perseguição aos cristãos, que possivelmente tenha começado com Nero depois do grande fogo que quase destruiu Roma, em Julho de 64 dC, e continuou até seu suicídio, em junho de 68 dC. Segundo esta visão, portanto, o livro foi escrito antes da destruição de Jerusalém em setembro de 70 dC, e é um profecia autêntica sobre o sofrimento continuo e a perseguição dos cristãos, que tornou-se bem mais intensa e severa nos anos seguintes. Com base em declarações isoladas pelos patriarca da igreja primitiva, alguns intérprete datam o livro perto do final do reino de Domiciano (81-96 dC), depois de João ter fugido para Éfeso.

Ocasião e Objetivo

Sob a inspiração do Espírito e do AT, João sem dúvida vinha refletindo os acontecimento horripilantes que ocorriam em Roma e em Jerusalém quando ele recebeu a “profecia” do que estava para acontecer— a intensificação do conflito espiritual confrontando a igreja (1.3), perpetrada pelo estado anticristão e numerosas religiões anti-cristãs. O objetivo desta mensagem era fornecer estímulo pastoral aos cristãos perseguidos, confortando, desafiando e proclamando a esperança cristão garantida e certa, junto com a garantia de que, em Cristo, eles estavam compartilhando o método soberano de Deus de superar totalmente as forças do mal em todas suas manifestações. O Apocalipse também é um apelo evangelístico a todos aqueles que estão atualmente vivendo no reino das trevas para entrar no Reino da Luz (22.17)

Conteúdo

A mensagem central do Apocalipse é que “Deus Todo-poderoso reina” (19.6). Este tema foi validado na história devido à vitória do cordeiro, que é “o Senhor dos senhores e Reis dos reis” (17.14).

Entretanto, aqueles que seguem o Cordeiro estão envolvidos em um conflito espiritual contínuo e, sendo assim, o Apocalipse fornece um maior discernimento quanto à natureza e tática do inimigo (Ef 6.10-12). O dragão, frustrado por sua derrota na cruz e pelas conseqüentes restrições imposta sobre sua atividade, e desesperado para frustrar os propósito de Deus perante seus destino inevitável, desenvolver uma trindade forjada a “fazer guerra” com os santos (12.17). A primeira “besta” ou monstro simboliza a realidade do governo anticristão e poder político (13.1-10,13). A segunda, a religião anticristã, a filosofia, a ideologia (13.11-17). Juntos, eles forma a sociedade, comercio e cultura secular cristã definitivamente enganosa e sedutora, a prostituta Babilônia (caps 17-18), composta daqueles que “habitam a terra”. Eles, portanto, possuem a “marca” do monstro, e seus nomes não estão registrado no “Livro da Vida do Cordeiro”. O dragão delega continuamente seu poder restrito e autoridade aos monstros e seus seguidores a fim de enganar e desanimar qualquer pessoa do propósito criativo-redentor de Deus.

Forma Literária

Depois do prefácio, o Apocalipse começa (1.4-7) e termina em (22.21) como uma carta típica do NT. Embora contenha sete cartas para sete igrejas, está claro que cada membro deve “ouvir” a mensagem a cada uma das igrejas (2.7,11,17,29; 3.6,13,22), bem como a mensagem do livro inteiro (1.3; 22.16), a fim de que possam obedecer-lhe (1.3; 22.9). Dentro desta carta está “a profecia” (1.3; 10.11; 19.10; 22.6-7,10,18-19). De acordo com Paulo, “o que profetiza fala aos homens para edificação, exortação(estímulo) e consolação” (1Co 14.3). O profeta fala a Palavra e Deus como um chamamento à obediência na situação presente e na situação futura imediata, tendo em vista o futuro definitivo. Essa profecia não deveria ser selada (22.10) por ser relevante aos cristão de todas as gerações.

Método de Comunicação

João recebeu essas profecias de uma série de visões vívidas contendo imagens simbólicas e números que ecoam aqueles encontrados nos livros proféticos do AT. João registra essas visões na ordem cronológica na qual as recebeu, muitas das quais retratam os mesmos acontecimentos através de diferentes perspectivas. Entretanto, ele não fornece uma ordem cronológica na qual determinados acontecimentos históricos devem acontecer. Por exemplo, Jesus nasceu no cap.12, é exaltado no cap.5 e está caminhando em meio às suas igreja no cap.1. A besta que ataca as duas testemunhas no cap.12 não é trazida à existência até o cap.13. João registra uma série de visões sucessivas, e não uma série de acontecimentos consecutivos.

O Apocalipse é um quadro cósmico— uma série de quadros vivos coloridos, elaborados, acompanhados e interpretados por oradores cantores celestiais. A palavra fala é prosa elevada, mais poética do que nossas traduções indicam. A música é semelhante a uma cantata. Repetidamente são introduzidos temas, mais tarde reintroduzidos, combinados com outros temas desenvolvidos.

Toda a mensagem é “notificada” (1.1). Há um segredo para a compreensão das visões, todas as quais contém linguagem figurativa que aponta para realidades espirituais em e por trás da experiência histórica. Os sinais e símbolos são essenciais porque a verdade espiritual e a realidade invisível deve sempre ser comunicada a seres humanos através de seus sentidos. Os símbolos apontam para o que é definitivamente indescritível. Por exemplo, o relato de gafanhotos demoníacos do abismo (9.1-12) cria uma impressão vívida e horripilante, mesmo que os mínimos detalhes não tenham a intenção de ser interpretados.

Cristo Revelado

Quase todos os títulos usados em várias partes do NT para descrever a natureza divino– humana e ao obra redentora de Jesus são mencionados pelo menos uma vez no Apocalipse, que junto com uma série de títulos adicionais, nos fornece uma revelação multidimensional da posição presente, do ministério contínuo e da vitória definitiva do Cristo exaltado.

Embora o ministério terreno de Jesus seja condensado entre sua encarnação e ascensão em 12.5, o Apocalipse afirma que o Filho de Deus, como Cordeiro, terminou completamente sua obra de redenção (1.5-6). Através de seu sangue, os pecadores foram perdoados, purificados (5.6,9; 7.14; 12.11) liberados (1.5) e fizeram reis e sacerdotes (1.6; 5.10). Todas as manifestações resultantes de sua vitória aplicada baseiam-se em sua obra terminada na cruz; portanto, satanás foi derrotado (12.7-12) e preso (20.1-3). Jesus ressuscitou dos mortos e foi entronado como Soberano absoluto sobre toda a criação (1.5; 2.27). Ele é o “Reis dos reis e o Senhor dos senhores” (17.14; 19.16) e deve receber a mesma adoração que recebe de Deus, o Criador ( 5.12-14).

O único que é “digno” para executar o propósito eterno de Deus é o “Leão de Judá”, que não é um Messias político, mas um Cordeiro morto (5.5,6). “O Cordeiro” é seu título primário, utilizado vinte e oito vezes em Apocalipse. Como aquele que conquistou, ele tem a legítima autoridade e poder de controlar todas as forças do mal e suas conseqüências para seus propósitos de julgamento e salvação (6.1-7.17). O Cordeiro está no trono (4.1-5.14; 22.3).

O Cordeiro, como “um semelhante ao Filho do Homem”, está sempre no meio de seu povo (1.9-3.22; 14.1), cujos nomes estão registrados em seu livro da vida (3.5; 21.27). Ele os conhece intimamente, e com um amor incomensuravelmente sagrado, ele cuida, protege, disciplina e os desafia. Eles compartilham totalmente sua vitória presente e futura (17.14; 19.11-16; 21.1-22.5), bem como a “ceia das bodas” (19.7-9; 21.2) presente e futura. Ele habita neles (1.13), e eles habitam nele (21.22).
Como “um semelhante ao Filho do Homem”, ele também é o Senhor da colheita final (14.14-20). Ele derrama sua ira em julgamento sobre satanás (20.10), seus aliados (19.20; 20.14) e sobre os espiritualmente “mortos” (20.12,15) – todos aqueles que escolheram “habitar na terra” (3.10).
O cordeiro é o Deus que está chegando (1.7-8; 11.17; 22.7,20) para consumar seu plano eterno, para completar a criação da nova comunidade de seu povo em “um novo céu e uma nova terra” (21.1) e restaurar as bênçãos do paraíso de Deus (22.2-5). O Cordeiro é a meta de toda a história (22.13)

O Espírito Santo em Ação

A descrição do Espírito Santo como “os sete Espíritos” de Deus (1.4; 3.1; 4.5; 5.6) é distinta no NT. O número sete é um número simbólico, qualitativo, comunicando a idéia de perfeição. Portanto, o Espírito Santo é manifestado em termos de perfeição de sua atividade dinâmica, complexa. As “sete lâmpadas de fogo” (4.5) sugerem seu ministério iluminador, purificador e energizador. O fato de os sete espíritos estarem diante do trono (1.4; 4.5) e serem simultaneamente os olhos do Cordeiro (5.6) significa a trindade una essencial de Deus que se revelou como Pai, Filho e Espírito Santo. Trata-se de um “habitar “ mútuo de Pessoas sem dissolver as distinções de ser e funções essenciais.

Cada uma das mensagens para as sete igreja é do Senhor exaltado, mas o membros individuais são incitados a ouvir “o que o Espírito diz” (caps.2-3). O Espírito diz somente o que o Senhor Jesus diz.

Portanto , o Espírito é o Espírito da profecia. Cada profecia genuína é inspirada pelo Espírito Samto e presta testemunho a Jesus (19.10). As visões proféticas são comunicadas e João somente quando ele está “no Espírito” (1.10; 4.2; 21.10). O conteúdo dessas visões não é nada menos qo que a “Revelação de Jesus Cristo” (1.1).
Toda profecia genuína exige uma resposta. “O Espírito e a esposa dizem: Vem!” (22.17). Todos ouvem ou se recusam a ouvir esse apelo. O Espírito está operando continuamente em e através da igreja para convidar a entrar aqueles que permanecem fora da Cidade de Deus. Apenas mediante a habilitação do Espírito é permitido que a esposa testemunhe e “suporte pacientemente”. Portanto, o Espírito penetra na experiência atual daqueles que ouvem com antegozo do cumprimento futuro do Reino.

Esboço de Apocalipse

Prólogo 1.1

I. As cartas às sete igrejas 1.9-3.22

O cenário: um semelhante ao Filho do Homem 1.9-20

As cartas 2.1-3.22

II. Os sete selos 4.1-5.14

O cenário 4.1-5.14

Os selos 6.1-8.1

III. As sete trombetas 8.2-11.18

O cenário: O altar dourado 8.2-6

As trombetas 8.7-11.18

IV. Os sete sinais 11.19-15.4

O cenário: A arca do concerto 11.19

Os sinais 12.1-15.4

V. As sete taças 15.5-16.21

O cenário: O templo do testemunho 15.5-16.1

As sete taças 16.2-21

VI. Os sete espetáculos 17.1-20.3

O cenário: Um deserto 17.1-3

Os espetáculos 17.3-20.3

VII. As sete visões da consumação 20.4 –22.5

O Cenário: 20.4-10

As cenas 20.11-22.5

Epílogo 22.6-21

Sete testemunhas de confirmação 22.6-17

Advertências final e garantia 22.18-20

Bênção 22.21


40 ANOS NO DESERTO

As peregrinações que os filhos de Israel realizaram, marchando desde o Egito até à terra de Canaã, foram uma escola importante para sua instrução.



Foi em Ramessés que principiou a marcha dos israelitas. O caminho direto deste lugar para Canaã teria sido pela terra dos filisteus, ao norte dos lagos Amargos, e ao longo da orla setentrional do deserto de Sur. Todavia, essa direção foi-lhes proibida (Ex 13.17,18); e por isso, depois de por certo tempo tomarem o rumo oriental, prosseguiram para o sul, exultando certamente com isso o Faraó, porque julgava assim em seu poder.

Acamparam a primeira noite em Sucote, que não devia ter sido longe de Ramessés. Pela segunda tarde chegaram à orla do deserto, em Etã. Provavelmente agora deviam ter seguido para o Oriente, mas foi-lhes ordenado que "retrocedam e que acampem defronte de Pi-Hairote, entre Migdol e o mar, diante de Baat-Zefom" (Ex 14.2); era um estreito desfiladeiro, perto da costa ocidental do Golfo, entre os montes que guarnecem o mar e uma pequena baia ao sul. Ficavam deste modo "desorientados na terra".

Esse movimento teve o efeito de atrair o Faraó, para junto deles; e o desígnio de alterar desta forma a linha da sua marcha foi revelada a Moisés (Ex 14.17). Os egípcios aproximaram-se dos israelitas quando estes estavam acampados diante do braço ocidental do mar Vermelho. Como, quer na extensão, quer na profundidade do golfo de Suez, se operou uma notável mudança no decorrer destes últimos trezentos anos, em virtude duma grande acumulação de areia, é por esta razão impossível determinar o lugar onde os israelitas atravessaram. Eles passaram pelo mar em seco para o lado oriental, perto do sítio agora chamado Ayun Musa (poços de Moisés), principiando aqui o deserto de Sur (Ex 15.22), ou o deserto de Etã (Nm 33.8). Estas duas expressões de aplicam à parte superior do deserto; este deserto estende-se desde o Egito até à praia oriental do mar Vermelho, e alarga-se para o Norte até à Palestina.



O caminho que os israelitas tomaram é uma larga vereda pedregosa, entre as montanhas e a costa, na qual correm no inverno vários ribeiros, que nascem nos montes. Nesta ocasião tudo devia estar seco. O lugar onde primeiramente estacionaram foi Mara (amargo), onde foi operado o milagre de se tornar doce a água amarga (Ex 15.23-25). O sítio onde isto aconteceu é, provavelmente, Ain Hawara, perto do riacho, chamado Wady Amarah, que tem a mesma significação de Mara.

A seguinte estação foi Elim, "onde havia doze fontes de água e setenta palmeiras" (Ex 15.27); este sítio fixado por Niebhr e Burckhardt no vale onde corre Ghurundel, que é a maior de todas as correntes, no lado ocidental da península. Este vale contém agora tamareiras, tamargueiras, e acácias de diferentes espécies. Obtém-se aqui água em abundância, cavando poços; há, também, uma copiosa nascente, com um pequeno regato.

Chegaram depois os israelitas ao deserto de Sim, "entre Elim e Sinai" (Ex 16.1), no sopé da escarpada cumeeira de et-Tih, um nome que significa "divagação"; é "um deserto medonho, quase inteiramente destituído de vegetação". Foi logo depois de terem entrado neste deserto que os israelitas obtiveram miraculosa provisão de codornizes e de maná. Os estudiosos supõe que eles tomaram em seguida a direção do sueste, marchando para a cordilheira do Sinai. Neste caso, a sua passagem teria sido pelo extenso vale, a que os árabes chamamWady Feiran. Passaram depois por Dofca e Alus. O vale Feiran é o sítio mais fértil de toda a região; e é aqui que devemos procurar Refidim, onde pela primeira vez foram atacados (Ex 17.8-13). Jetro, sogro de Moisés, também o visitou em Refidim; e pelo seu conselho foram nomeados juízes para ajudar o chefe israelita na ação judicial (Ex 18). E aqui, entre elevados picos, estava a rocha que, por mandado de Deus, foi ferida por Moisés, saindo dela depois abundância de água.

Em seguida fizeram seu acampamento no ermo do Sinai, onde o Todo-Poderoso revelou à multidão a Sua vontade por meio de Moisés; foi dado o Decálogo (dez mandamentos) ao homem, e foi estabelecido o Pacto (Ex 20.1-17; 24.7,8). Neste deserto também se deu o caso do culto prestado ao bezerro de ouro, e a enumeração do povo, e a construção do Tabernáculo; além disso, Arão e seus filhos foram consagrados, celebrou-se a segunda Páscoa, e morreram Nadabe e Abiú por terem oferecido fogo estranho ao Senhor.

O monte, onde a Lei foi dada, chama-se Horebe no Deuteronômio, e Sinai nos outros livros do Pentateuco (5 livros: Gn, Ex, Lv, Nm e Dt). Provavelmente o primeiro nome designa todo o território, e o outro simplesmente a montanha, onde foi revelada a Lei.



Permaneceram os israelitas no deserto do Sinai um ano aproximadamente, aparecendo de novo o sinal para a partida. Desde então as suas marchas e acampamentos foram sempre dirigidos pelo Senhor. Uma nuvem, que manifestava a Sua presença, cobria o tabernáculo de dia, e à tarde estava sobre o tabernáculo uma aparência de fogo até à manhã" (Nm 9.15). O levantar da nuvem era sinal de avançar, caminhando eles após ela; e, quando parava a nuvem sobre o tabernáculo, queria isso dizer que deviam acampar de novo. As suposições, são que eles passaram para o norte, ao longo do Wady esh-Sheikh, entrando numa grande planície chamada el-Hadharah, na qual estava Taberá, nome que significa "incêndio", e que lhe foi dado em virtude de ser ali destruído pelo fogo, que caiu do céu, num certo número de israelitas insurgentes (Nm 11.1-3).

A estação seguinte foi Quibrote-Taavá, ou os "sepulcros da concupiscência" (Nm 11.34; 33.16). De Quibrote marcharam para Hazerote onde ocorreu a sedição de Miriã e Arão (Nm 12). As estações nesta parte do deserto foram Ritmá, Rimom-Perez, Libna e Cades-Barneia, sendo alcançado provavelmente este último lugar pelo mês de junho mais ou menos.



Quando se aproximava da Terra Prometida, foram mandados alguns espias (espiões) para a examinarem; mas, quando voltaram, as suas informações foram de tal modo aterrorizadores que o povo se revoltou; e por esta razão os hebreus tiveram de errar no deserto pelo espaço de quarenta anos. Saindo os israelitas de Cades-Barneia, depois da sua segunda visita, em que houve a provocação ao Senhor nas águas de Meribá, vieram eles até ao monte de Hor, perto de Petra, onde morreu Arão.



Esse monte, verdadeiro trono de desolação, consta de quebradas, de ruínas e de escuras profundidades. Os árabes chamam-lhe Jebel Neby Hayran, que quer dizer: o "monte do profeta Arão"; e ainda hoje, quando uma caravana oriental avista seu cume, sacrifica um cordeiro em memória daquele grande sacerdote. Passando pelo Wadi Arabah (provavelmente o "deserto de Zin") para Eziom-Geber (da segunda vez) e Elate, o povo chegou ao golfo oriental do mar Vermelho, e voltou para o norte pelo deserto oriental da Arábia. Neste lugar existe um grande desfiladeiro, vindo do nordeste através das montanhas, constituindo a principal passagem no Wadi Arabá para o deserto. A ascensão dos israelitas foi, sem dúvida por esta estreita passagem, quando de desviaram do mar Vermelho, e voltaram aos territórios de Edom. Nesta ocasião o povo estava muito desanimado por causa do caminho, e murmurou conta Deus e contra Moisés. As suas murmurações foram castigadas, aparecendo entre eles umas serpentes ardentes, cujas mordeduras produziam a morte; mas, por mandado do Senhor, foi levantada uma serpente de bronze, sendo curados os que para ela olhavam com fé. Prosseguiram depois a sua viagem pelas faldas orientais das montanhas de Seir.



Os edomitas que primeiramente lhes haviam recusado a passagem pela sua terra, agora consentiam, fornecendo-lhes também alimentos para o seu caminho (Dt 2.3-6). Nada se sabe das suas passagens até que chegaram a Zerede, um pequeno ribeiro que corre pelas montanhas até à extremidade ocidental do mar Morto. E partindo daquele Sítio "acamparam-se na outra margem de Arnom, que... é o termo de Moabe, entre Moabre e os Amorreus" (Nm 21.13). E dali se dirigiram para Beer, ou Beer-Elim, o poço dos nobres do povo, onde vendo que estavam quase chegados ao fim do deserto, e na perspectiva duma rápida entrada na Terra Prometida, entoaram o "cântico do poço" (Nm 21.17,18).



Os israelitas, após este acontecimento, desbarataram o seu terrível inimigo Seom, rei dos amorreus, que habitava em Hesbom, e cujos territórios se estendiam ao longo das praias do mar Morto, e pelo vale oriental do Jordão até ao rio Jaboque. Saindo vitoriosos na guerra contra Ogue, que ganhara os territórios ao oriente do mar da Galiléia, os israelitas apoderaram-se da parte oriental do vale do Jordão. Estas terras conquistadas, sendo boas para pastagens, foram cedidas às tribos de rúben e Gade, e à meia tribo de Manassés, que tinha muito gado; mas foi com a condição de auxiliarem as outras tribos na sua conquista de Canaã, ao ocidente do Jordão (Nm 32; Dt 3.8-20; Js 1.12-18). E por este motivo a seguinte estação foi chamada Dibom-gade, para distinguir de outra Dibom pertencente aos rubenitas (Js 13.17). As ruínas desta povoação, com o nome de Dibom, vêem-se cerca de seis quilômetros ao norte do rio Arnom. Deste lugar caminharam para Almom-Diblatain ou Diblataim, de onde seguiram para as serras de Abarim, em frente do monte Nebo. Finalmente acamparam perto do Jordão, desde Bete-Jesimote até Bete-Sitim, em frente de Jericó (Nm 33.49).



E assim terminou uma jornada de quarenta anos, atravessando principalmente lugares desertos, viagem que podia ter-s efetuado nalgumas semanas.



Dicionário Bíblico Universal

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