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Rádio Gospel Maranata


29 de abr. de 2012

Mefibosete




Por: Aloízio Sousa Arantes

2 Samuel 9:1-13. “1 E DISSE Davi: Há ainda alguém que tenha ficado da casa de Saul, para que lhe faça benevolência por amor de Jônatas? 2 E havia um servo na casa de Saul cujo nome era Ziba; e o chamaram à presença de Davi. Disse-lhe o rei: És tu Ziba? E ele disse: Servo teu. 3 E disse o rei: Não há ainda alguém da casa de Saul para que eu use com ele da benevolência de Deus? Então disse Ziba ao rei: Ainda há um filho de Jônatas, aleijado de ambos os pés. 4 E disse-lhe o rei: Onde está? E disse Ziba ao rei: Eis que está em casa de Maquir, filho de Amiel, em Lo-Debar. 5 Então mandou o rei Davi, e o tomou da casa de Maquir, filho de Amiel, de Lo-Debar. 6 E Mefibosete, filho de Jônatas, o filho de Saul, veio a Davi, e se prostrou com o rosto por terra e inclinou-se; e disse Davi: Mefibosete! E ele disse: Eis aqui teu servo. 7 E disse-lhe Davi: Não temas, porque decerto usarei contigo de benevolência por amor de Jônatas, teu pai, e te restituirei todas as terras de Saul, teu pai, e tu sempre comerás pão à minha mesa. 8 Então se inclinou, e disse: Quem é teu servo, para teres olhado para um cão morto tal como eu? 9 Então chamou Davi a Ziba, moço de Saul, e disse-lhe: Tudo o que pertencia a Saul, e a toda a sua casa, tenho dado ao filho de teu senhor. 10 Trabalhar-lhe-ás, pois, a terra, tu e teus filhos, e teus servos, e recolherás os frutos, para que o filho de teu senhor tenha pão para comer; mas Mefibosete, filho de teu senhor, sempre comerá pão à minha mesa. E tinha Ziba quinze filhos e vinte servos. 11 E disse Ziba ao rei: Conforme a tudo quanto meu senhor, o rei, manda a seu servo, assim fará teu servo. Quanto a Mefibosete, disse o rei, comerá à minha mesa como um dos filhos do rei. 12 E tinha Mefibosete um filho pequeno, cujo nome era Mica; e todos quantos moravam em casa de Ziba eram servos de Mefibosete. 13 Morava, pois, Mefibosete em Jerusalém, porquanto sempre comia à mesa do rei, e era coxo de ambos os pés.”
Havia ainda um jovem com um nome bem peculiar – Mefibosete -, que era filho de Jônatas e, provavelmente, estava na linhagem real. Fora nascido para ser príncipe, mas vivia no deserto. A Palavra de Deus diz que Mefibosete era aleijado de ambos os pés. 2 Sm 4:4 “Jônatas, filho de Saul, tinha um filho aleijado dos pés; era de idade de cinco anos quando de Jezreel chegaram as notícias da morte de Saul e de Jônatas; então sua ama o tomou e fugiu; sucedeu que, apressando ela a fugir, ele caiu, e ficou mando. Seu nome era Mefibosete.” O Vale de Jezreel, era a planicie onde se travou a batalha entre Israel e os Filisteus.
Como naquela época a medicina não era tão avançada, e havia pouco conhecimento de ortopedia, os ossos daquela criança cicatrizaram de forma errada, por isso seus pés cresceram deformados.
O nome “Mefibosete” em hebraico é composto por duas palavras; a primeira significa: “despedaçado”, e a segunda: “vergonha”. Creio que toda essa história, o ESPÍRITO SANTO escreveu para revelar nosso próprio estado decaído vergonhoso e vil. Assim é a expressão do nosso coração despedaçado pelo pecado, envergonhado diante de Deus e dos homens.
Em 2 Sm 9.8, Mefibosete ao chamar-se de "Cão morto", ele usa as palavras descritivas para lembrar que ele era uma criatura desprezível, vil e indigna O pecado transtorna tanto o ser humano que afinal o torna desprezível aos seus próprios olhos, formando uma auto-imagem negativa de si mesmo, incapaz de perceber que em Jesus Cristo ele se torna uma nova criatura.
O AMOR DE DEUS É INCONDICIONAL
No versículo 1 Davi faz menção de usar de benevolência baseado na Aliança de Amor que ele havia feito com Jônatas: “E DISSE Davi: Há ainda alguém que tenha ficado da casa de Saul, para que lhe faça benevolência por amor de Jônatas?”; e num espaço de tempo entre os versículos 1 e 3 eu imagino que Davi tenha pensado, refletido, e chegado à conclusão de que ele conhecia o seu próprio coração, que era incapaz de amar a Mefibosete baseado no seu próprio amor, então no verso 3 ele recorre à outra expressão: “Não há ainda alguém da casa de Saul para que eu use com ele da benevolência de Deus?” Davi entende que seria incapaz de amar a Mefibosete baseado somente na Aliança que ele havia feito ao seu fiel amigo Jônatas, então ele recorre ao amor incondicional de Deus, que ele mesmo conhecia profundamente. Não há absolutamente nada em nós humanos pecadores que altere o amor incondicional de Deus. Não temos méritos algum, nada podemos fazer para Deus para que Ele nos ame.
SE ELE NÃO OBTIVER UMA REVELAÇÃO DA GRAÇA DE DEUS!
1.Olhando para o versículo 1 do capítulo 9 de 2 Samuel, a frase "...para que lhe faça bem...", é o termo hebraico CHESED, traduzido por GRAÇA; é muito mais que um favor imerecido; a Graça só pode mesmo brotar do coração de Deus que tanto amou o homem pecador.
2.Quando ele indaga: "Há alguém..." - é um desejo incondicional, uma questão que flui graça, amor e misericórdia de Deus; O que levaria ao Rei Davi se interessar por alguém da linhagem antecessora do rei, se era comum que o novo rei desterrasse por completo a linhagem anterior do seu reino? Só o amor de Deus derramado em nossos corações nos levam às atitudes reais e tão sublimes como esta do Rei Davi.
Quais as realidades espirituais deste texto podemos tirar como lições para nossas vidas hoje através de Davi e Mefibosete?
Davi – representa o Senhor Jesus Cristo que, por causa da Nova Aliança baseada no Seu sangue derramado na cruz do calvário, decidiu usar de bondade amor e Graça para conosco. Davi foi bondoso com Mefibosete, não porque o filho de Jônatas fosse merecedor de honras, deficiente físico que deveria gozar de algum privilégio social, ou bonzinho, mas apenas por causa da aliança firmada com o filho de Saul.
Mefibosete – representa o homem pecador, aleijado, deficiente físico e espiritual por causa do pecado. O homem fora criado por Deus para ser rei, mas vive na plebe, na miséria, com os pés quebrados, mas saiba: Deus é Misericordioso, e Suas Misericórdias são a causa de não sermos consumidos, pois Elas se renovam a cada manhã.
Hoje, Jesus, o nosso Rei, quer usar de bondade para conosco, não porque sejamos merecedores, porque não há nada que façamos nesta terra que nos faça ser merecedores de alguma Graça que vem de Deus, mas por causa da aliança firmada com o Sangue do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo vertido na cruz do calvário.
O QUE SIGNIFICA TER OS PÉS ALEIJADOS?
A principal característica de Mefibosete eram os seus pés aleijados. O significado de pés na Bíblia, apontam para o nosso caminhar. O Fato de Mefibosete ter os pés aleijados, significa que seu caminhar diante dos homens era torto, deficiente, e diante de Deus, era espiritualmente defeituoso; definitivamente havia pecados na vida deste homem e ao estudar a sua história podemos concluir isto. Destacamos aqui o grande Amor que o Senhor demonstrou: Ele resolveu usar de bondade para conosco quando ainda tínhamos nossos pés aleijados, joelhos trôpegos e mãos decaídas, quando andávamos por caminhos tortuosos, andávamos desgarrados, andávamos no pecado Se o pecado persistir em nossas vidas teremos as mesmas características de alguém com os pés aleijados.
Em primeiro Lugar, um aleijado não anda normalmente, anda cambaleante, ele não anda ereto. Quando há pecado em nossas vidas, andamos cabisbaixos, alienados de Deus, incapazes de olhar para o céu em gratidão a Deus, por causa da terrível vergonha que o pecado nos causa;
Em segundo lugar, alguém que possui um andar defeituoso não consegue andar tanto quanto os outros, este indivíduo é lento, cansando-se rapidamente porque precisa gastar muita energia; É perceptível como o pecado na nossa vida drena nossas forças e nos faz incapazes de avançar normalmente na Vida Cristã como os demais irmãos, então passamos a ser fardos pesados, pedras de tropeços, e impedimos a Igreja de avançar, pois somos carregados pelos outros;
Em terceiro lugar, por ser uma pessoa com os pés aleijados, além de atrasar o avanço dos outros, não conseguimos chegar até onde os outros normalmente vão, aleijados, ou deficientes físicos possuem enormes dificuldades e muitos obstáculos são colocados para eles caminharem. E atentem bem, não estou aqui me referindo às deficiências físicas, estou falando de deficiências espirituais. Lembra-se do pecado de Miriam, irmã de Moisés? Ela teve de ser colocada fora do arraial, e enquanto ela estava fora do arraial para ser restaurada da sua lepra, Moisés e o povo de Israel ficaram impedidos de prosseguir a sua jornada. Ela atrasou o avanço do arraial para chegaram em Canaã. Vejam sinceramente, o quanto eu e você muitas vezes temos impedido que o arraial do Senhor avance para o alvo que o Senhor propôs.
Se você tem percebido que não consegue caminhar normalmente junto com os demais irmãos, não tem sentido prazer na comunhão dos santos, e que está havendo um cansaço de alma constante fazendo-o desistir, deixando os sonhos morrerem à beira do caminho, enquanto todos caminham avante, pare e observe se porventura, há pecados em sua vida. Por outro lado, pode ser que você esteja consciente do seu pecado e, por isso mesmo, tem entrado num estado de prostração e desespero angustioso de tentar esticar os pés tortos. As pessoas dizem que é só uma questão de decisão, de perseverança ou disciplina mas nada parece fazer efeito sobre os seus pés.
Tantos caminham normalmente eretos ao seu lado e você não entende por que eles tem tido sucessos, parecem tão ágeis, rápidos, espertos, com um caminhar tão correto diante de Deus e você vive capengando num caminhar desajeitado de altos e baixos, tropeçando aqui, caindo acolá. Você sente-se diferente, mais pecador e pior que os outros. É impossível ao homem esticar os próprios pés aleijados. É terrível quando somos cobrados por coisas que não conseguimos mudar em nós. O nosso estado psicológico fica destroçado. Foi exatamente isso que aconteceu com este homem, Mefibosete, e por isso que ele foi morar muito longe das terras reais dos seus pais, foi morar em LO-DEBAR.
LO-DEBAR É DESERTO, É LUGAR DE FUGA!
Lo-Debar é um lugar seco e árido, inóspito, onde nada se planta e nada se colhe. Em deserto, lugar de areia e sol escaldante não adianta plantar nada mesmo. É um lugar de desolação, tédio, solidão, depressão, tristeza, é de fato um lugar de fuga. A situação fica pior quando lembramos que Mefibosete
fora criado para ser um príncipe, pois era da linhagem Real de Jônatas, filho do rei Saul, criado para morar num palácio e desfrutar do melhor da vida. Não fomos criados para nos contentar com uma vida árida, pois fomos criados para abundância e para dignidade. Não somos donos do mundo, mas somos filhos do dono! Diz um provérbio popular. Mas, quando cedemos espaço em nossas vidas para aquilo que está fora da vontade de Deus; quando o nosso caminhar está fora do padrão do Senhor, invariavelmente, vamos morar fugindo isolado em Lo-Debar, no deserto, quando deveríamos morar em Canaã, o lugar de delícias. Por detrás de um deserto sempre existem pés aleijados. É por isso que o casamento de muitos é Lo-Debar, o trabalho, a vida emocional, a vida financeira e a vida espiritual de tantas pessoas é Lo-Debar. Este é o lugar daqueles feridos, machucados, daqueles que vivem no anonimato por causa do nosso pecado. Este é um lugar onde mora alguém que já perdeu todas as esperanças!

Mas hoje tenho uma boa notícia para todos nós. O Rei Davi, veio buscar Mefibosete em Lo-Debar, para morar em Jerusalém a cidade do Grande Rei (v.5) Além disso, Davi restituiu tudo aquilo que, por direito de herança era de Mefibosete.(v.7)
O Rei dos Reis, Jesus Cristo, veio hoje ao nosso encontro em Lo-Debar, para nos levar para Jerusalém, a cidade do Grande do Rei, e também veio nos restituir tudo aquilo que perdemos ou que o inimigo nos tenha roubado. Ele quer usar de bondade para conosco e nos levar para Jerusalém, onde está o melhor de Deus – uma vida de abundância e prosperidade. Não merecemos nada, mas Deus que é o dono de todo ouro e toda prata, de todas as riquezas, quer nos dar tudo. Somos Co-Herdeiros com Jesus Cristo, pela Sua divina e abundante Graça.
AUTO-IMAGEM NEGATIVA
Uma auto-imagem negativa de si mesmo é extremamente venenosa, e nos impede de vermos com nitidez a Deus, e como é terrível nossa miopia espiritual, e como isto nos impede de sermos abençoados por Ele.
Qual foi a atitude de Mefibosete quando o Rei Davi o procurou para fazer-lhe bem? Mefibosete disse ao rei: “na verdade não passo de um cão morto; não mereço receber nada de Deus.” Um homem com auto-imagem negativa, com baixa estima de si mesmo, não percebe que Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo conquistou uma herança incorruptível e gloriosa na Cruz, e que agora somos co-herdeiros de Deus com Cristo Jesus.
Mebifosete tinha sua auto-imagem negativa, só via a si mesmo, e não para o que Deus poderia fazer por ele. Forçado pelas circunstâncias em que ele vivia. Embora não tenhamos méritos nenhum diante de Deus. É como se ele dissesse: - já tentei mudar o meu andar de todas as formas, já tentei sair desta vida de sequidão de todo jeito, mas não consigo. Eu só posso concluir que eu não presto para coisa alguma. Não sou nada mesmo. Não tenho nenhum valor. Não passo de um cachorro morto. Embora devamos entender que o homem pecador é vil, desprezível, sem nenhum valor, mas Em Cristo somos novas criaturas, e temos valor para nosso Deus Pai. É nesse momento que precisamos lembrar que ninguém pode esticar os próprios pés aleijados. Nós precisamos de um santo ortopedista, do Médico Jesus Cristo de Nazaré.
Ficar se auto-depreciando, numa atitude de auto-piedade, não honra a Deus, mas esconde nosso orgulho, mascaramos uma falsa humildade. Precisamos crer e nos abrir para receber a graça do Senhor. Não há nada imutável a não ser o próprio Eterno Deus que é o mesmo ontem, hoje e será eternamente o mesmo; mas até o pau que nasce torno, como diz o provérbio popular, O Carpinteiro de Nazaré poder endireitar. Quer mudar a sua imagem? Ande com Jesus Cristo!
SEIS SIGNIFICADOS ESPIRITUAIS DE SE ASSENTAR À MESA DO REI:
Mefibosete comeu pão assentado na mesa do rei Davi, como se fosse um dos filhos de Davi (V.11). Nós porém, nos assentamos à mesa do Senhor, porque formos feitos de fato filhos do Rei. Há pelo menos seis significados espirituais pelo fato de assentarmos à mesa do Rei:
1. RECEBER HONRA REAL – Rostos tristes, deprimidos, deficientes físicos, não eram permitidos entrar na presença do Rei. Ester 4:2 diz ”e chegou ate a porta do rei, porque ninguém vestido de pano de saco podia entrar pelas portas do rei.” Veja também Neemias 2:2 “o rei me disse: por que está triste o teu rosto, se não estás doente? Tem de ser tristeza do coração. Então temi sobremaneira”, sabe por que Neemias ficou amedrontado? porque um servo com o rosto triste não era permitido entrar na presença do rei. Somente as pessoas nobres e honradas comem assentados na mesa do rei. Você pode fazer idéia do que isso representava para alguém que se via como um cachorro morto, como alguém que a si mesmo sentia desprezado, sentia-se um lixo? É tamanha a bondade do rei que é quase impossível de acreditar nesta possibilidade. Mas, pelo Seu infinito amor, Deus nos fez nobres em Jesus Cristo. Não somos mais cães mortos; somos filhos do Rei. Somos Co-Herdeiros do Reino, em Cristo.
2. DESFRUTAR DA COMUNHÃO DO REI – É ser chegado bem próximo do Senhor, é sentir o seu perfume, o pulsar de suas veias, o bater do seu coração, ouvir as coisas de perto, seus segredos, é desfrutar da abundância da sua provisão. É comer e beber do melhor. A Palavra de Deus diz em Isaias 1:18 “Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra.” Qual o ser humano que não gosta, não se sente honrado de estar perto e ser amado e reconhecido por uma pessoa famosa? Quando aceitamos o convite de Jesus para cearmos com Ele, nós estamos assentados diante do Rei dos Reis e Senhor dos Senhores, não existe um Rei maior que o Senhor Jesus Cristo, e não existe um Reino mais rico e duradouro que o Dele. Mas, muitos recusam o maravilhoso convite da Graça. Querem continuar vivendo em Lo-Debar na pobreza e na miséria de vida material e espiritual. E atentemos também que a Mesa do Senhor é o lugar da nossa comunhão com outros irmãos, é na comunhão que o Senhor ordena a Sua Bênção. E veja como preciosa é esta comunhão, como nos ensina o salmista Davi, Salmos 133:1-3 “OH! quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união. 2 É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes. 3 Como o
orvalho de Hermom, e como o que desce sobre os montes de Sião, porque ali o Senhor ordena a bênção e a vida para sempre.”

3. OS PÉS ALEIJADOS SÃO ENCOBERTOS – a mesa simboliza a ação do sangue de Jesus na Nova Aliança. Pois quando estamos assentados à mesa, ninguém vê os pés uns dos outros? Assentados à mesa todos somos iguais, até mesmo o homem mais aleijado, o mais terrível pecador, e com os pés mais deformados, passa a ser saudável. Na mesa da Comunhão com Cristo e com os nossos irmãos podemos ver nitidamente como é bela a nossa comunhão com Deus e com os nossos irmãos baseado no sangue de Jesus que nos cobre e nos livra de nossas iniqüidades. Deus não quer olhar para os nossos pés tortos, pois Ele já fez a provisão completa pelo sangue de Jesus Cristo. Precisamos enfim, ter uma profunda revelação do significado da Mesa do Senhor. Não se trata de um pão e um pouco de vinho, mas a Mesa do Senhor aponta para o sacrifício vicário de Cristo, aponta a incomensurável Graça do Amor de Deus sendo alimento e bebida para nossa saúde espiritual. Ao olharmos para Mesa do Senhor, precisamos atentar para o significado do Pão inteiro que é o próprio Senhor Jesus Cristo, e o pão partido é a Sua Igreja. Assim, jamais os crentes devem se ausentar da mesa, não é isto que Paulo ensina em I Coríntios 11, mas Paulo fala para termos a revelação do Corpo Místico de Cristo, logo, deveremos então aproximarmos muito mais da Sua Mesa, onde está o suprimento, a cura das nossas enfermidades, a bebida, a Graça e o Amor de Deus sendo expostos ao nosso favor.
4. DIETA APROPRIADA, FAZ MUDAR A IMAGEM DE SI MESMO– A Bíblia nos mostra que nós somos mudados pela nossa dieta. Aquilo que comemos, passa a fazer parte do nosso organismo, daí a dieta apropriada nos faz mudar a auto-imagem negativa que temos de nós mesmos, para alguém otimista, alegre, disposto. A Palavra de Deus nos ensina que contemplando o Senhor Jesus somos transformados de Glória em glória, refletindo como por um espelho a imagem do Senhor Jesus. E na mesa do Rei os alimentos mais saudáveis, mais apropriados, os mais excelentes são servidos. Aqui está a maravilhosa obra do Senhor Jesus Cristo na cruz. Ele não apenas cobre os nossos pecados, mas nos liberta e nos cura quando comemos da Sua carne, que é a Palavra, e bebemos do seu sangue, que possuem todos os nutrientes de vitaminas e sais minerais mais completos. Comer diariamente à mesa do Rei é a maneira de Deus nos transformar e curar os nossos pés. Depois de tentarmos de tudo para nos curar e provarmos da angústia de um caminhar defeituoso e pecaminoso, só nos resta aceitar a Sua oferta de usar de bondade para conosco, nos levando de Lo-Debar para Jerusalém, onde podemos comer sempre do mais excelente alimento assentados à Sua mesa.
5. NA MESA DO SENHOR NÃO HÁ LUGAR PARA CRÍTICAS – O Rei Davi não chamou Mefibosete para dar-lhe uma ordem que ele não fosse plenamente capaz de cumprir. Ele também não chamou Mefibosete para criticar sua deficiência física, seu caminhar torto. Não o humilhou nem o rejeitou, mas se ofereceu para usar de bondade para com ele. O Rei não faz acepções de pessoas todas e quaisquer pessoas que recebem a Jesus como Senhor e Salvador são aceitas de maneiras iguais na Mesa do Senhor. Ali o pecador por mais vil que seja pode desfrutar da comunhão com Rei Jesus e também com os demais irmãos.
6. NO REINO NÃO HÁ LUGAR PARA OCIOSOS, TODOS SÃO ÚTEIS – Somos um reino de sacerdotes, todos nós somos ministros, esta idéia onde só o clero trabalha é fruto da religião sem Deus. Pois Deus sempre trabalhou e sempre trabalhará. Nós todos temos de ser participantes na obra de Deus. A religião criou um sistema onde só pastores tem de trabalhar, são assalariados, e os demais são meros expectadores assentados e limpando os bancos nos prédios de reuniões. Uns pagam e outros executam a obra! No verso 10 quer dizer que embora Davi fosse prover as necessidades básicas de Mefibosete, este seria responsável pela manutenção de sua própria família e de seus servos. Mesmo deficiente físico, pode ser útil no Reino. Aqui não há lugar para preguiçosos e expectadores. Aqui não há lugar para turistas espirituais.
Nestes dias o Rei tem nos enviado ÀS NAÇÕES, às cidades, aos centros, às vilas, aos becos, à convidar as pessoas para virem ao Seu Reino. Aqui há muitíssimos lugares para os excluídos, para os pobres, meretrizes, prostitutas, homossexuais, bêbados, pobres, ricos, de todos os povos e nações.
O Rei dos Reis, Jesus de Nazaré está te chamando: - “Venha do jeito que você está, venha pecador, aleijado, mancando, arrastando, mas venha; porque eu quero usar de bondade para com você”. A mesa já está posta, venha assentar-se já! É de Graça, não se cobra ingresso nem sacrifícios. Ele só está esperando você chegar para dar início à festa.“Eis que Eu estou à porta e bato, e se, alguém ouvir, e abrir a porta, Eu entrarei em seu coração, e
farei uma Festa” Ap. 3:20.


22 de abr. de 2012

O Cristianismo de consumo






O que quero dizer com cristianismo de consumo? Em termos gerais, é qualquer tentativa de construir o Reino de Deus ou edificar o cristão individual (ou atrair o convertido potencial ao cristianismo) por meios e métodos que apelam à carne – ou seja, o coração enganoso e egoísta do homem. O começo de tal cristianismo consumista foi no jardim do Éden quando Satanás manipulou Eva para que desobedecesse a Deus, deixando que ela cresse, no entanto, que estava aperfeiçoando a si mesma (Gn 3.1-6).


Especificamente relacionado com o que está acontecendo hoje em dia, o cristianismo de consumo é um esforço para ajudar igrejas cristãs a crescerem em tamanho e a se tornarem eficientes através da aplicação de princípios comerciais, estratégias de marketing e conceitos de gerenciamento. Esse é o empreendimento mais popular do cristianismo atual, fato bastante estranho, até mesmo preocupante, para qualquer pessoa que tenha entendimento de “consumismo” e “cristianismo”. Por quê? Porque esses dois termos são antagônicos.


Consumismo, no senso de negócios, é um conceito baseado em satisfação do freguês, a qual é a chave para qualquer transação comercial de sucesso. O produto ou serviço oferecido deve ser ajustado aos desejos e necessidades expressas pelo freguês, ou não haverá lucro sustentável. O freguês sempre tem razão, porque onde não há freguês, não há lucro e, portanto, não há transação comercial.


Deus reina no cristianismo bíblico. A Sua revelação para a humanidade são “todas as coisas que conduzem à vida e à piedade” (2 Pe 1.3). Cristianismo bíblico é simplesmente tudo o que a humanidade necessita saber para ser reconciliada com Deus, para fazer a Sua vontade diariamente e para viver com Ele por toda a eternidade. Não é uma estratégia de marketing e, de fato, não tem nenhuma associação ao mundo de negócios e seus conceitos.


Qualquer tentativa de aperfeiçoar a prática do cristianismo bíblico através de princípios comerciais está, no melhor dos casos, adicionando metodologias fúteis à Palavra de Deus. No pior dos casos, tal tentativa rejeita a suficiência das Escrituras em favor das obras da carne, apaga o Espírito Santo e sujeita aqueles que assim procedem ao serviço do deus deste mundo, a serem enganados por ele e, finalmente, a se tornarem seus escravos. De qualquer modo, leva à destruição espiritual na igreja e tem conseqüências eternas.


O cristianismo de consumo está no centro do movimento de crescimento de igrejas e seu efeito letal pode ser encontrado em todas as denominações (também pseudo-cristãs). Muitas igrejas evangélicas têm se entregado de coração a uma estratégia de marketing designada primeiramente a atrair os perdidos, que são vistos como fregueses em potencial. À medida que os não-cristãos freqüentam os cultos e se misturam com os membros (novos e mais antigos), não se pode evitar que o conceito de consumismo se espalhe por toda a congregação. Inevitavelmente, isso afetará a pregação, a música, a Escola Dominical, as programações, etc., o que, por sua vez, produzirá uma falta de profundidade através da igreja inteira.


Freqüentemente, as estratégias de marketing têm tido sucesso em adicionar números a uma congregação. Dezenas de milhares de pastores nos EUA e internacionalmente têm sido influenciados por ministérios altamente populares, colocando em prática metodologias de marketing usadas por eles, visando ganhar almas e aumentar o número de membros em suas igrejas.



(Freqüentemente, as estratégias de marketing têm tido sucesso em adicionar números a uma congregação. Será essa a maneira bíblica de ganhar almas e efetivar o crescimento na igreja? )


Será essa a maneira bíblica de ganhar almas e efetivar o crescimento na igreja?

Para alguns cristãos bíblicos a resposta é obviamente “não!”, mas para um número cada vez maior dos que proclamam ter a Bíblia como autoridade e fonte totalmente suficiente da verdade de Deus, esse “não!” tem mudado para “possivelmente... talvez...” ou “sejamos cuidadosos em não jogar fora o que é bom junto com o que não tem valor”. Vejamos, portanto, se há algo de valor a ser salvo em tudo isso.


O consumismo tem apoio nas Escrituras? Será que Deus formatou o Evangelho para gratificar os desejos mundanos da humanidade? Existem certas coisas na Bíblia que devem ser evitadas para que não assustem os que poderiam se converter? Será que a Palavra de Deus reflete uma preocupação de que as pessoas possam tomar outro rumo se as necessidades que sentem não forem saciadas? A Bíblia nos manda tornar a verdade mais aceitável ao oferecê-la aos perdidos de uma forma diluída ou usando entretenimento? Ainda se trata do Evangelho que salva quando a mensagem é alterada para agradar ao paladar dos não-cristãos? Se algum cristão acha que a resposta a essas perguntas é “sim”, creio que o pensamento do mundo já influenciou profundamente seu entendimento bíblico.


Certamente, os pastores é que deveriam saber melhor. No entanto, na maioria dos casos em que o consumismo afetou uma igreja, os pastores foram o instrumento em implementá-lo. Os pastores aos quais estou me referindo, e com os quais estou muito preocupado, são aqueles que se consideram bíblicos, que sinceramente querem ver almas salvas e que honestamente querem cumprir seu chamado e seu ministério de maneira agradável a Deus. Como pode tal pastor de ovelhas ser atraído para o cristianismo de consumo?


O processo freqüentemente se desenvolve de forma sutil. Imaginemos que um pastor ama os membros de sua igreja e quer que sejam felizes. Ele também quer que cresçam espiritualmente e está sempre procurando meios pelos quais novas ovelhas possam ser adicionadas ao rebanho. Quando conflitos acontecem e expectativas de crescimento não se realizam, as soluções são freqüentemente procuradas com outros que tiveram sucesso nesses aspectos. Os remédios recomendados quase sempre envolvem alguma forma de ajustamento.


Por exemplo, um conflito muito comum que existe hoje em dia é sobre os diferentes gostos em música, o qual é usualmente resolvido estabelecendo-se cultos separados – um com hinos tradicionais e outro com cânticos atuais. Como essa solução parece satisfazer a maioria dos membros, muitos pastores sentem-se encorajados a adicionar mais almas à sua igreja ao combinar a atração da música contemporânea com mensagens ao gosto do público (ou seja, atraentes e que não o façam sentir-se ameaçado), apresentadas num culto casual e conveniente de sábado à noite. Programas inovadores são, então, formulados para sustentar o interesse desses membros em potencial e para motivar os membros desinteressados e inativos, com ênfase particular em atividades de entretenimento para atrair jovens e mantê-los na congregação.


Alguns pastores têm me contado que, relutantemente, coletam idéias já usadas pelo mundo para que possam competir com ele, de maneira a alcançar os perdidos para salvá-los do mundo. Eles estão cientes da ironia desse método, mas argumentam que é o único jeito de não ter que ficar pregando para bancos vazios. A propósito, a pregação é freqüentemente diminuída e suplementada por visuais, produções musicais e teatrais.




(A pregação é freqüentemente diminuída e suplementada por visuais, produções musicais e teatrais.) 

Esse é um caminho que, embora pareça inofensivo a princípio, leva ao caminho largo do cristianismo de consumo. Apesar de simpatizarmos com pastores que se sentem compelidos (alguns até coagidos pela própria igreja) a descer até esse caminho, a verdade é que ele é pavimentado com meios-termos bíblicos e leva a um beco espiritual sem saída.


Essa metodologia para o crescimento da igreja não é algo novo na cristandade. Trata-se de uma forma crônica de fazer as coisas do jeito do homem ao invés de seguir o modo de Deus. O imperador Constantino, que viveu no século IV, ainda está para ser igualado em suas estratégias de sucesso para o “crescimento da igreja”. Ele professou ter se tornado cristão e induziu a metade do Império Romano a fazer o mesmo. Essa era de compromissos assumidos pelo imperador (que intitulou a si mesmo “Vigário de Cristo” e “Bispo dos Bispos”) de modo a atrair novos convertidos é caracterizada por Will Durant como um tempo em que “o mundo se converteu ao cristianismo”.[1] Outro historiador escreveu: “Ao invés de ser uma fonte de melhorias (em relação às perseguições que os cristãos sofriam antes), essa aliança (política) foi uma fonte de ‘maior perigo e tentação’... Enchendo as igrejas indiscriminadamente com pagãos... simplesmente acabou com as claras demarcações morais que separavam a ‘igreja’ do ‘mundo’.”[2]


Um milênio mais tarde, “Martim Lutero encontrou uma Roma pagã totalmente entregue ao dinheiro, à luxúria e a males semelhantes”, escreve Edwin Booth. Ele se “espantou e não conseguiu compreender o porquê disso”.[3] O grito de guerra da Reforma foi “Sola Scriptura!” e, apesar desse lema não ter sido seguido totalmente, a Palavra de Deus e Seu caminho foram restaurados como autoridade e regra de vida para milhares de pessoas enganadas pela acomodação devastadora que se abatera sobre a Igreja Católica Romana.


O cristianismo de consumo nunca foi uma prática de um lado só. É necessário que haja um ofertante e um receptor. Tetzel, um monge dominicano do século XVI, famoso vendedor de indulgências, foi um grande manipulador. Ainda assim, seu trabalho foi facilitado por “indulgir” a natureza egocêntrica dos seus fregueses católicos. Tanto ricos quanto pobres estavam dispostos a pagar qualquer coisa para evitar as chamas do inferno e o purgatório.


O protestantismo tem tido sua quota de exploradores espirituais e de consumidores a serem explorados. Da mesma maneira que a “campanha de levantamento de fundos” de Tetzel foi fundamental para a construção da Basílica de São Pedro em Roma, os evangelistas de “saúde e prosperidade” do século XX (muitos continuando do mesmo jeito atualmente) ajudaram a transformar a Trinity Broadcasting Network (canal de TV nos EUA) na maior rede televisiva religiosa do mundo. Distorcendo a doutrina bíblica da fé e tornando-a em uma força que qualquer pessoa pode usar para obter poder e cura, esses espertalhões ajuntaram fortunas às custas de pessoas biblicamente fracas e iletradas, como também daqueles cujo “deus... é o ventre, e a glória está na sua infâmia, visto que só se preocupam com as coisas terrenas” (Fp 3.19).


Durante os últimos quinze anos, os mais suscetíveis às maquinações de charlatães religiosos eram crentes professos que tinham mais afinidade com experiências do que com a sã doutrina. Eles se achavam usualmente entre os pentecostais e carismáticos. Crentes mais cuidadosos, cientes da doutrina, pareciam estar imunes a idéias como a da “semente de fé” de Oral Roberts, ou aos shows blasfemos de “poder do Espírito Santo” de Benny Hinn, dois líderes entre muitos que promovem a linha de “sinais e maravilhas”.


Contudo, a credulidade espiritual agora achou solo fértil – ou melhor, um charco profundo – entre aqueles que tradicionalmente se ativeram ao discernimento bíblico. Apesar das metodologias sedutoras serem um pouco diferentes, as bases para o engano espiritual efetivo são as mesmas: nenhum cristão, evangélico ou não, está imune a “tudo que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos, a soberba da vida...” (1 Jo 2.16). Além do mais, a única proteção contra tal engano – a leitura e a obediência à Palavra de Deus no poder do Espírito Santo – está sendo sistematicamente diluída por toda a igreja evangélica.


A História da Igreja tem demonstrado a necessidade de se aderir à Palavra de Deus e quando isto acontece o resultado pode ser visto em santidade e frutos. Quando o cristianismo bíblico é adulterado (por adicionar-se métodos de homens), ou completamente abandonado, as distorções religiosas dos homens prevalecem, levando a Igreja a uma cegueira e anemia espiritual: “Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte” (Pv 14.12). Existe uma correlação entre o nível de apoio nas Escrituras que uma igreja demonstra e sua aceitação de práticas e crenças heréticas. À medida que uma igreja se esvazia de entendimento bíblico, a habilidade de seus membros de discernirem falsas doutrinas torna-se praticamente nula.


O efeito mais perigoso do cristianismo de consumo é o que ele faz da apresentação do Evangelho da Salvação, a única esperança que as pessoas têm de se reconciliar com Deus. No cristianismo de consumo ouve-se uma propaganda sutil, mostrando todas as coisas que Deus oferece à humanidade: “Ele nos ama tanto que deseja que passemos toda a Eternidade com Ele, a humanidade é muito importante e de valor infinito”. Isso torna-se a razão do sacrifício de Cristo na cruz. A essa mistura de verdades e distorções voltadas para o ego, adiciona-se uma breve “oração de conversão” que deve ser repetida por aqueles que foram persuadidos a aceitar a oferta sedutora. Esse método tornou-se tão comum que é até difícil para alguns cristãos reconhecerem que há algum problema com ele, sem falar em discernirem quão duvidoso é se as pessoas alcançadas foram realmente salvas.


Como? Comecemos por alguém que foi genuinamente salvo e vamos examinar a situação a partir daí. Qualquer pessoa que é nascida de novo pelo Espírito de Deus tem um coração novo, cheio de amor genuíno por Deus e pelos outros, como também pela Palavra. Ele ou ela é uma nova criatura e, ainda que não seja perfeita, dentro dela existe um coração que deseja agradar a Deus mais do que a si mesma.



(“Há caminho que ao homem parece direito, mas ao cabo dá em caminhos de morte” (Pv 14.12).) 

Um exemplo específico é encontrado em Lucas 7.36-50, envolvendo uma mulher de má reputação que entrou na casa de Simão, o fariseu, por quem Jesus tinha sido convidado. Ela lavou os pés dEle com suas lágrimas, secou-os com os seus cabelos e beijou-os repetidamente. Jesus declarou que ela amou muito porque muito lhe fora perdoado.


Essa passagem nos mostra como é essencial a convicção de pecado quando alguém vem a Cristo. Os fariseus, cheios de si e virtuosos aos seus próprios olhos, tinham pouca ou nenhuma convicção de pecado, portanto, não procuravam perdão. A mulher, pelo contrário, não pensou em si mesma, ou no desprezo dos convidados daquele jantar. Sua gratidão a Jesus, por ter lavado os seus pecados, a compeliu a morrer para si mesma e a viver para Ele.


O evangelho de acordo com o cristianismo de consumo, por outro lado, tem que apelar para o ego, colocando a ênfase em coisas (verdadeiras ou distorcidas) que vêm ao encontro das necessidades expressas dos perdidos. Isso restringe seriamente quase todas as doutrinas bíblicas que possam trazer convicção de pecado. Qual é o problema? É que Jesus veio salvar os pecadores, não os consumidores.
 (The Berean Call - http://www.chamada.com.br)

A História de Ester

O livro de Ester é único entre todos os livros da Bíblia, porque em nenhum dos seus dez capítulos é mencionado o nome de Deus. Tal fato tem levado alguns estudiosos a concluírem que ele não possui caráter canônico. Certa vez, Martim Lutero chegou a dizer que gostaria que ele nem tivesse existido. Mas quanto mais você lê esse livro relativamente pequeno, mais reconhece a providência divina. Essa providência não é revelada de nenhuma forma miraculosa; antes, podemos observar que ela acontece de forma muito natural, à medida que contemplamos o desfecho de circunstâncias que culminam com a ascensão dos judeus, contrariando dessa forma a sua tão cuidadosamente planejada aniquilação.
“Nos dias de Assuero, o Assuero que reinou desde a Índia até à Etiópia, sobre cento e vinte e sete províncias, naqueles dias, assentando-se o rei Assuero no trono do seu reino, que está na cidadela de Susã, no terceiro ano de seu reinado, deu um banquete a todos os seus príncipes e seus servos, no qual se representou o escol da Pérsia e Média, e os nobres e príncipes das províncias estavam perante ele” (Ester 1.1-3).




O nome do filho de Dario foi decifrado como Khshayarsha, que, ao ser traduzido para o grego, é Xerxes, e que, traduzido para o hebraico, é, praticamente, letra por letra, Akhashverosch, o que corresponde a Assuero em português.
Antes de iniciarmos nosso estudo, vamos identificar o rei Assuero. No livro Explore The Book, escrito por J. Sidlow Baxter, lemos:
Os méritos para a primeira identificação de Assuero como Xerxes vão para Georg Friedrich Grotefend. Quando jovem estudante na Universidade de Göttingen, ele se propôs a decifrar pacientemente os personagens curiosos e bem delineados que foram encontrados em inscrições nas ruínas da antiga cidade persa de Persépolis. O nome do filho de Dario foi decifrado como Khshayarsha, que, ao ser traduzido para o grego, é Xerxes, e que, traduzido para o hebraico, é, praticamente, letra por letra, Akhashverosch, o que corresponde a Assuero em português. Presumindo que o nome era lido na língua persa, a identidade de Assuero estava estabelecida; e achados mais recentes corroboraram as descobertas de Grotefend.
A riqueza de detalhes dos eventos documentados nas Escrituras sempre me impressiona. A história não começa com “era uma vez”, mas identifica o nome do rei da época: Assuero. A extensão do império também é claramente definida: “da Índia... até à Etiópia”. Onde esse homem governava? “...na cidadela de Susã”. Quando isso ocorreu? “No terceiro ano do seu reinado”. Quem estava envolvido? “...os poderosos da Pérsia e Média, e os nobres e príncipes”. Se alguma dúvida surgir, podemos comparar esses dados com evidências arqueológicas obtidas de pratos de cobre, tabuinhas de barro, remanescentes de ruínas ou inúmeras outras fontes de documentos históricos.
O evento sobre o qual iremos falar começa quando a rainha se recusa a obedecer às ordens do rei. Já li vários comentários sobre a razão pela qual a rainha Vasti se recusou a atender o convite de seu marido. Um grande número de estudiosos da Bíblia concluiu que a rainha era uma pessoa de caráter íntegro que se recusou a participar de uma orgia de bêbados, promovida pelo seu marido e os demais membros da nobreza. Essa conclusão é baseada no estudo da história que identifica o rei Xerxes como um indivíduo emocionalmente instável, que era cruel em suas atitudes e imprevisível em suas ações. Isso pode soar um tanto lógico para muitas pessoas hoje em dia, uma vez que não é mais comum atualmente que uma esposa atenda a uma ordem do marido. Esse tipo de comportamento foi a base para o movimento de busca de direitos iguais para homens e mulheres. Em nossa sociedade moderna, tornou-se quase impossível continuar seguindo os costumes antigos. Na maioria das famílias, tanto o marido quanto a mulher trabalham a fim de sustentar o lar. Em muitos casos, o salário da mulher é até mais alto que o do marido; por isso, parece não haver sentido em que um dos parceiros do casamento esteja acima do outro. Em outras palavras, esse é um processo evolucionário natural. Quem pode discutir com essa conclusão lógica: se a sua esposa trabalha o dia inteiro e volta para casa para encontrar um lar desarrumado, por que você não deveria ajudá-la com os afazeres domésticos? Eu apoio esse comportamento de todo o coração e acrescento ainda um forte “Amém!”
Podemos nos opor a esse desenvolvimento o quanto quisermos; podemos identificá-lo como uma filosofia da Nova Era ou algo antifamília. Esse até pode ser o caso e não discordo disso. Mas, fatos são fatos. Nós não estamos apenas vivendo em um tempo onde a igualdade entre maridos e esposas é uma realidade, mas também em uma época em que as crianças também são freqüentemente incluídas nas decisões familiares.
Contudo, três fatores me fazem discordar dos meus colegas a respeito da reação da rainha Vasti:
1) No versículo 5 lemos: “...deu o rei um banquete a todo o povo que se achava na cidadela de Susã, tanto para os maiores como para os menores...” Tratava-se de um evento oficial e autorizado, baseado em uma ordem do rei.
2) “Também a rainha Vasti deu um banquete às mulheres na casa real do rei Assuero” (v. 9). É enfatizado o fato de a rainha ter oferecido uma festa para as mulheres na casa que pertencia ao rei Assuero, indicando que ela lhe era sujeita. Aparentemente, nenhuma provisão legal foi feita para que a rainha Vasti realizasse seu próprio evento; portanto, ela agiu fora da lei.
3) No versículo 8 lemos: Bebiam sem constrangimento, como estava prescrito”. Essa civilização era bem avançada e governada pela lei. Várias evidências de antigos artefatos testificam que essa era uma civilização bem desenvolvida. Veremos mais tarde que as leis eram tão poderosas, que nem o próprio rei poderia passar por cima delas. Por isso, a interpretação de que a rainha Vasti teria justificadamente se oposto ao banquete de bêbados não tem fundamentação bíblica.




A rainha havia infringido a lei! Vasti havia se rebelado contra a autoridade estabelecida pela civilização persa.
Arriscando a possibilidade de ser mal-entendido, eu me aventuro a dizer que a rainha Vasti era uma feminista, que estava interessada somente em fazer a sua própria vontade, mesmo se isso importasse em desrespeitar a autoridade de seu marido, o que podemos constatar no versículo 12: “Porém a rainha Vasti recusou vir por intermédio dos eunucos, segundo a palavra do rei, pelo que o rei muito se enfureceu e se inflamou de ira”.
Embora vejamos que o rei estava de fato irado, ele não agiu como um bêbado irresponsável, ou como um ditador insensível que abusava de sua autoridade. O rei Assuero convocou todos os seus conselheiros oficiais: “...os sábios que entendiam dos tempos (porque assim se tratavam os interesses do rei na presença de todos os que sabiam a lei e o direito” (v. 13). Uma questão foi levantada:“O que deveria ser feito à rainha Vasti, segundo a lei?”Novamente, vemos que o manejo da situação envolvia um procedimento ordenado, uma questão legal, com conseqüências nacionais. A rainha havia infringido a lei! Vasti havia se rebelado contra a autoridade estabelecida pela civilização persa. É interessante observar que o rei deu uma ordem quase idêntica ao que é dito no Novo Testamento: “...cada homem deve ser senhor de sua própria casa” (Ester 1.22). Em 1 Timóteo 3.5 lemos: “pois se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará da igreja de Deus?” Para um homem servir a Deus, é necessário que ele governe sua própria casa. A rainha Vasti estava dando seu banquete na casa do rei.
Mordecai, o judeu
O povo judeu, que tinha sido disperso de Jerusalém e levado cativo à terra de Babilônia, que mais tarde acabou sendo governada pelos medo-persas, vivia aparentemente em paz e gozava de prosperidade. Dentre aqueles judeus havia um de nome Mordecai, que tinha uma sobrinha chamada Ester. Quando Mordecai descobriu que a rainha Vasti havia se separado do rei Assuero, o que resultou em sua dispensa, e que o rei procurava uma nova rainha, ele apresentou Ester como candidata.
Ester logo tornou-se a favorita do rei e lemos: “Assim foi levada Ester ao rei Assuero, à casa real, no décimo mês, que é o mês de tebete, no sétimo ano do seu reinado” (Ester 2.16).




O povo judeu tinha sido disperso de Jerusalém e levado cativo à terra de Babilônia, que mais tarde acabou sendo governada pelos medo-persas. Dentre aqueles judeus havia um de nome Mordecai.
O tio Mordecai permanecia observando tudo de longe. Ele era um servo fiel do rei gentio e aparentemente cumpria tudo o que a lei exigia. Contudo, havia uma exceção: Mordecai, o judeu, recusou-se a curvar-se diante do primeiro-ministro do reino, chamado Hamã, o agagita: Todos os servos do rei que estavam à porta do rei, se inclinavam e se prostravam perante Hamã; porque assim tinha ordenado o rei a respeito dele. Mordecai, porém, não se inclinava, nem se prostrava” (Ester 3.2).
Será que Mordecai se recusou a se prostrar diante de Hamã porque ele reconhecia a arrogância desse homem? Será que ele não o honrou porque estaria sendo hipócrita? Nós sabemos através de outros versículos que o ato de se curvar perante uma autoridade ou um hóspede estimado era muito comum naqueles dias. Uma coisa é certa, Mordecai não se curvaria perante Hamã. Até os servos do rei perguntaram: “por que transgrides as ordens do rei?” (Ester 3.3). Mordecai deliberadamente violou o mandamento do rei. Obviamente Hamã tinha autoridade para eliminar Mordecai. Aparentemente, esse homem estava tão cheio de orgulho e ódio, que matar somente um homem não iria satisfazer-lhe os desejos. Então, ele planejou a aniquilação de todo o povo judeu existente no reino: “Porém teve como pouco, nos seus propósitos, o atentar apenas contra Mordecai, porque lhe haviam declarado de que povo era Mordecai, por isso, procurou Hamã destruir todos os judeus, povo de Mordecai, que havia em todo o reino de Assuero” (Ester 3.6).
A fim de cumprir seus intentos malignos, Hamã tinha que proceder de conformidade com a lei. Sendo um confiável oficial do governo, ele apresentou seu caso ao rei: “Então disse Hamã ao rei Assuero: Existe espalhado, disperso entre os povos em todas as províncias do teu reino, um povo cujas leis são diferentes das leis de todos os povos e que não cumpre as do rei, pelo que não convém ao rei tolerá-lo. Se bem parecer ao rei, decrete-se que sejam mortos, e, nas próprias mãos dos que executarem a obra, eu pesarei dez mil talentos de prata para que entrem nos tesouros do rei. Então, o rei tirou da mão o seu anel, deu-o a Hamã, filho de Hamedata, agagita, adversário dos judeus” (Ester 3.8-10). Hamã misturou a verdade com mentiras. O fato de que as “leis [do povo judeu] são diferentes das leis de todos os povos” era verdade, mas ele acrescentou uma mentira óbvia: “...e não cumpre as [leis] do rei...” Mordecai foi quem quebrou a lei, não os demais judeus. De qualquer forma, o destino dos judeus estava selado! O versículo 13 nos dá os detalhes: “Enviaram-se as cartas, por intermédio dos correios, a todas as províncias do rei, para que se destruíssem, matassem e aniquilassem de vez a todos os judeus, moços e velhos, crianças e mulheres, em um só dia, no dia treze do duodécimo mês, que é o mês de adar, e que lhes saqueassem os bens” (Ester 3.13). O terceiro capítulo conclui: “o rei e Hamã se assentaram a beber, mas a cidade de Susã estava perplexa”. As pessoas estavam impressionadas, o rei não sabia de nada, e Hamã se regozijava porque seus planos estavam se realizando.
Sem dúvida os judeus, que tinham ganhado riquezas na terra do cativeiro, tornaram-se parte integral desse reino próspero. De repente, essa nova lei foi introduzida e consistia em uma sentença de morte para todo o povo judeu. Que terrível tragédia foi para os judeus saberem que todos iriam ser executados no dia 13 do mês de adar.
As propriedades e as riquezas que eles haviam acumulado seriam dadas para seus piores inimigos. Como eles devem ter clamado a Deus: “Oh! Senhor, como podes deixar isso acontecer conosco? Nós somos o teu povo, a quem o Senhor tirou da escravidão do Egito. O Senhor nos fez uma grande nação, mas temos pecado contra ti. O Senhor nos rejeitou novamente, mas prometeu que nos traria de volta, e agora toda a nossa esperança está perdida e estamos por perecer”. O que os judeus não sabiam é que todos os seus inimigos seriam identificados pela sua sentença de morte. Não havia muita dúvida de que aqueles que odiavam os judeus estavam deixando bem claro que viriam ao seu encalço. Eles provavelmente os atormentaram contando os dias. Os inimigos não podiam tocá-los enquanto o dia determinado não chegasse, porque os judeus estavam protegidos pela lei como o restante do povo. A lei e a ordem foram implementadas pela autoridade do rei. Os judeus estavam seguros até o dia 13 do mês de adar, quando uma outra lei se tornaria efetiva.
Nesse meio tempo, Mordecai e todos os judeus do reino começaram a orar: “...havia entre os judeus grande luto, com jejum e choro, e lamentação; e muitos se deitavam em pano de saco e em cinza” (Ester 4.3).
A rainha Ester
Foi nessa hora que Ester entrou em cena. Mordecai a contactou com uma afirmação profundamente profética: “Porque se de todo te calares agora, de outra parte se levantará para os judeus socorro e livramento, mas tu e a casa de teu pai perecereis; e quem sabe se para conjuntura como esta é que foste elevada a rainha?” (Ester 4.14). A profunda fé de Mordecai no Deus de Israel é evidente. Ele ainda acreditava em um livramento mas não sabia como este iria acontecer.
Ester reconheceu que sua situação era precária porque ela não poderia se aproximar do rei sem a sua permissão. Contudo, essa mulher determinada, que teve um papel fundamental na salvação física dos judeus, tinha tomado uma decisão. Se fosse necessário, ela estava preparada para dar a vida pelo seu povo: “...se perecer, pereci” (Ester 4.16).




Ester chegou à conclusão de que a vida do seu povo era mais importante que a dela.
Ester chegou à conclusão de que a vida do seu povo era mais importante que a dela. Ela infringiu a lei, aproximando-se do rei sem um convite formal, e encontrou graça perante o rei Assuero: “Quando o rei viu a rainha Ester parada no pátio, alcançou ela favor perante ele; estendeu o rei para Ester o cetro de ouro que tinha na mão; Ester se chegou e tocou a ponta do cetro” (Ester 5.2). Esse gesto foi o primeiro sinal de esperança para a salvação de Israel. O cetro é um símbolo e uma expressão do poder real. Embora esse cetro estivesse nas mãos do rei Assuero, o verdadeiro poder repousa sobre o cetro ao qual Jacó se referiu profeticamente quando falou a respeito de Judá: “O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão de entre seus pés, até que venha Siló; e a ele obedecerão os povos” (Gênesis 49.10).
Mais tarde na história, lemos sobre Balaão, o profeta gentio que descreveu o povo do cetro: “Vê-lo-ei, mas não agora; contemplá-lo-ei, mas não de perto; uma estrela procederá de Jacó, de Israel subirá um cetro que ferirá as têmporas de Moabe e destruirá todos os filhos de Sete” (Números 24.17).
Por isso, quando lemos que: “o rei apontou para Ester o cetro de ouro que estava em sua mão”,devemos perceber que esse era mais do que um ornamento decorado de ouro na mão de um rei gentio; era a providência de Deus para Israel que estava naquele cetro.
Como Ester reagiu? Ela falou ao rei imediatamente sobre a catástrofe que aconteceria ao seu povo? Ela implorou por misericórdia? Não. Ester sabia que estava na presença do rei que possuía o poder pelo qual poderia decretar uma nova lei. De forma sábia, Ester primeiro procurou criar uma amizade não somente com o rei, mas também com o inimigo: “Respondeu Ester: Se bem te parecer, venha o rei e Hamã, hoje, ao banquete que eu preparei ao rei” (Ester 5.4).
Durante o banquete, o rei perguntou: “Qual é a tua petição?” (Ester 5.6). Ester respondeu: “se achei favor perante o rei, e se bem parecer ao rei conceder-me a petição, e cumprir o meu desejo, venha o rei com Hamã ao banquete que lhes hei de preparar amanhã, e então farei segundo o rei me concede” (Ester 5.8). A rainha Ester foi cautelosa. Ela se comportou com dignidade real e convidou Hamã e o rei para um outro banquete no dia seguinte.
Cheio de alegria e completamente cego quanto ao seu destino, Hamã proclamou a sua esposa e amigos: “Contou-lhes Hamã a glória das suas riquezas e a multidão de seus filhos, e tudo em que o rei o tinha engrandecido, e como o tinha exaltado sobre os príncipes e servos do rei” (Ester 5.11). A grande honra que lhe fora dada não o fez consciente da sua própria desgraça; aliás, o que aconteceu foi exatamente o oposto: ele mergulhou em uma escuridão ainda maior. Hamã disse: “Porém tudo isto não me satisfaz, enquanto vir o judeu Mordecai assentado à porta do rei” (Ester 5.13). Aí sua esposa se envolveu: Então, lhe disse Zeres, sua mulher, e todos os seus amigos: Faça-se uma forca de cinqüenta côvados de altura, e, pela manhã dize ao rei que nela enforquem Mordecai; então, entra alegre com o rei ao banquete. A sugestão foi bem aceita por Hamã, que mandou levantar a forca” (Ester 5.14). A execução de Mordecai foi agendada para o dia seguinte, antes que Hamã comparecesse ao banquete.
O rei não conseguia dormir
No começo do capítulo 6, ficamos sabendo que o rei, a quem o cetro fora concedido, não estava conseguindo dormir à noite. Se o rei tivesse conseguido dormir, Mordecai provavelmente teria sido executado e Hamã teria conseguido agir com autoridade. Mas Deus não havia planejado as coisas assim. Primeiro era necessário que Mordecai fosse poupado, e que o orgulhoso Hamã fosse humilhado e preparado para sua própria execução.
Quando foram lidas as crônicas diante do rei insone, achou-se escrito que certa vez Mordecai tinha salvado a vida de Assuero. Então o rei perguntou: “Que honras e distinções se deram a Mordecai por isso?” (Ester 6.3). Semelhantemente aos nossos dias, esse fato havia-se perdido em meio à burocracia do reino: “Nada lhe foi conferido” (v. 3), foi a resposta do servo.
Nesse caso, a insônia fez com que o rei ficasse alerta. Ele não agiu irracional e irresponsavelmente como fez quando deu ouvidos ao argumento de Hamã a respeito da aniquilação do povo judeu.
Uma observação pessoal: talvez a solução para sua insônia não esteja em remédios, visitas a médicos ou terapeutas. Pode ser que a hora da sua insônia seja um tempo em que Deus deseja falar com você. Sei que muitos sofrem de uma ou mais das inúmeras causas físicas ou emocionais que podem causar insônia. Mas em certas ocasiões não há razão para ela; você simplesmente não consegue dormir. Essa é uma hora ideal para se ocupar com o seu Criador; abra o livro, o Seu livro, e perceba que Ele salvou a sua vida. Você escapou de uma eternidade perdida e sem Deus para a presença na mansão real. Que honra foi dada a Ele que lhe salvou? Ele fez com que nossas Bíblias fossem escritas para que pudéssemos entender Suas intenções. Em suas páginas você encontrará uma declaração de amor: “Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3.16). Você já ofereceu uma resposta a essa oferta? Se ainda não, faça-o hoje.
Você já leu a acusação que Jesus fez às pessoas de Jerusalém: “Nunca lestes nas Escrituras...?” (Mateus 21.42)? Você quer saber sobre o futuro? Use a sua insônia para ler mais sobre ele e então reaja ao que tiver lido através de uma conversa com Jesus. Ninguém nunca orou tanto como Jesus; Ele passava noites inteiras em oração. Durante Seus últimos dias, Ele teve que repreender Seus discípulos: “Então, nem uma hora pudestes vós vigiar comigo?” (Mateus 26.40). Pode muito bem ser que Deus providenciará essa insônia para que você tome uma posição sacerdotal em favor daqueles que estão por perecer. Vidas estão em jogo! Conforme Apocalipse 1.6, Jesus, “nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai”. Seja como a rainha Ester, que estava pronta a abrir mão de sua vida para ir à presença do rei e interceder sacerdotalmente pelo seu povo. Você fará isso hoje?




Hamã levou Mordecai montado em um dos cavalos do rei, elogiando-o em alta voz, para todos ouvirem.
A confiança que o rei tinha em Hamã era impressionante. Parece que, coincidentemente, Hamã estava no átrio do palácio do rei, pronto para pedir permissão para enforcar Mordecai na forca que já havia preparado. Naquele exato momento, o rei o chamou e perguntou: “Que se fará ao homem a quem o rei deseja honrar?” (Ester 6.6). Com presunção, cegueira espiritual e o coração cheio de ódio, Hamã só conseguia pensar que ele era esse homem a quem o rei tinha o desejo de honrar. Por isso, disse sem hesitar: “tragam-se as vestes reais, que o rei costuma usar, e o cavalo em que o rei costuma andar montado, e tenha na cabeça a coroa real; entreguem-se as vestes e o cavalo às mãos dos mais nobres príncipes do rei, e vistam delas aquele a quem o rei deseja honrar; levem-no a cavalo pela praça da cidade e diante dele apregoem: Assim se faz ao homem a quem o rei deseja honrar” (Ester 6.8-9). O rei sabia que Mordecai era judeu? Ele sabia que Hamã o odiava? A ordem do rei para Hamã foi a pior coisa que lhe poderia ter acontecido. Ele estava tão confiante em sua vitória que o orgulho lhe subiu à cabeça. Agora, porém, ele teria que desfilar pela cidade falando para as pessoas que Mordecai era o homem que o rei se alegrava em honrar. Os cidadãos de Susã estavam indubitavelmente confusos. Eles ficaram chocados com a proclamação de que todos os judeus deveriam ser mortos em determinado dia. Certamente eles sabiam que tinha sido Hamã quem havia expedido tal ordem. No entanto, agora ele estava levando Mordecai montado em um dos cavalos do rei, elogiando-o em alta voz, para todos ouvirem.
Assim que retornou ao palácio, “Hamã se retirou correndo para casa, angustiado e de cabeça coberta” (Ester 6.12). Aí ele recebeu notícias ainda piores: “Então, os seus sábios e Zeres, sua mulher, lhe disseram: Se Mordecai, perante o qual já começaste a cair, é da descendência dos judeus, não prevalecerás contra ele; antes, certamente, cairás diante dele” (Ester 6.13). Com certeza, o povo de Susã já estava familiarizado com os judeus. Eles viviam juntos na mesma cidade que abrigava as sinagogas onde os judeus se reuniam. Eles trabalhavam para se sustentar. Alguns eram bem-sucedidos e contratavam outros, criando empregos. Não temos razão nenhuma para acreditar que os judeus daquela época em Susã eram diferentes dos de hoje. A frase “Se Mordecai... é da descendência dos judeus...”, indica que eles eram respeitados e conhecidos pela sua adoração ao Deus invisível e pelo estudo da Sua Palavra.
Hamã havia articulado uma estratégia infalível, e a aniquilação dos judeus estava certa; apenas um curto período de tempo os separava da vida e da morte. Eles também sabiam que a lei outorgada pelo rei não poderia ser revogada. Uma vez que a lei fora sancionada com o selo real, ela tinha que ser aplicada. Isso indica claramente que o governo medo-persa era de qualidade muito superior às formas de governo que temos hoje. Agora, os políticos podem prometer muitas coisas aos seus eleitores, mas quando são eleitos eles não são obrigados, por lei, a manter suas promessas. Portanto, compreendemos que das quatro potências gentílicas – Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia e Roma – a última é a inferior. No livro de Daniel, capítulo 2, vemos a composição das quatro potências mundiais: Babilônia, representada pelo ouro; Medo-Pérsia, prata; Grécia, cobre; e Roma, ferro e barro. Portanto, a inferioridade de todos os governos após a Babilônia e a Medo-Pérsia é evidente.
Hamã nem tinha bem terminado de ouvir as terríveis notícias de sua própria esposa e de seus conselheiros quando uma mensagem urgente do rei o interrompeu: “Falavam estes ainda com ele quando chegaram os eunucos do rei e apressadamente levaram Hamã ao banquete que Ester preparara” (Ester 6.14).
Hamã é desmascarado
Esse banquete privado que a rainha Ester havia preparado era realmente muito especial. O convidado de honra era Hamã, e pela terceira vez o rei perguntou: “Qual é a tua petição, rainha Ester?” (Ester 7.2). Aí, outra revelação devastadora foi feita: “Então, respondeu a rainha Ester e disse: Se perante ti, ó rei, achei favor, e se bem parecer ao rei, dê-se-me por minha petição a minha vida, e, pelo meu desejo, a vida do meu povo. Porque fomos vendidos, eu e o meu povo, para nos destruírem, matarem e aniquilarem de vez; se ainda como servos e como servas nos tivessem vendido, calar-me-ia, porque o inimigo não merece que eu moleste o rei” (Ester 7.3-4). O rei Assuero, que havia depositado sua total confiança em Hamã, aparentemente não tinha investigado coisa alguma sobre as origens da rainha Ester. Ele não sabia que ela era judia. “Então, falou o rei Assuero e disse à rainha Ester: Quem é esse e onde está esse cujo coração o instigou a fazer assim?” (Ester 7.5). De forma triunfante, Ester havia chegado ao ponto final de seu plano. Essa frágil e bonita mulher, que arriscou sua vida para salvar seu povo, agora tinha a atenção do rei, a maior autoridade naquela terra.“Respondeu Ester: O adversário e inimigo é este mau Hamã. Então Hamã se perturbou perante o rei e a rainha” (Ester 7.6).




"Hamã, porém, ficou para rogar por sua vida à rainha Ester, pois viu que o mal contra ele já estava determinado pelo rei". (Ester 7.7).
Hamã tinha toda a razão de estar com medo. Agora esse homem, que antes fora tão ousado e corajoso, revelou-se um covarde: “Hamã, porém, ficou para rogar por sua vida à rainha Ester, pois viu que o mal contra ele já estava determinado pelo rei” (Ester 7.7). O fim de Hamã tinha chegado; não havia mais chance para misericórdia: “Tendo o rei dito estas palavras, cobriram o rosto de Hamã” (Ester 7.8). Um homem condenado não poderia mais olhar para a face do rei. A forca que Hamã havia construído para matar Mordecai, o judeu, tornou-se instrumento de sua própria execução: “Enforcaram, pois, Hamã na forca que ele tinha preparado para Mordecai. Então, o furor do rei se aplacou” (Ester 7.10).
O último pedido da rainha Ester
Hamã foi executado e Mordecai foi exaltado. Contudo, os problemas do povo judeu no reino ainda não estavam resolvidos.
Novamente, Ester arriscou sua vida: “Falou mais Ester perante o rei e se lhe lançou aos pés; e, com lágrimas lhe implorou que revogasse a maldade de Hamã, o agagita, e a trama que havia empreendido contra os judeus” (Ester 8.3). Novamente, “estendeu o rei para Ester o cetro de ouro...” (Ester 8.4). Esse era o sinal da graça, e agora ela poderia novamente apresentar seu caso em favor do seu povo: “...escreva-se que se revoguem os decretos concebidos por Hamã, filho de Hamedata, o agagita, os quais ele escreveu para aniquilar os judeus que há em todas as províncias do rei” (Ester 8.5). Mas havia um problema: o rei não poderia conceder esse último desejo à rainha Ester. A lei daquela terra era irrevogável. Uma vez que o rei havia autorizado e selado referida lei com seu anel, ela não poderia ser revertida, “...porque os decretos feitos em nome do rei e que com o seu anel se selam não se podem revogar” (Ester 8.8).
Isso deve nos lembrar das eternas leis de Deus. Quando o Senhor avisou a Adão que ele morreria se comesse do fruto proibido, essa Lei não poderia ser revogada. Daquele dia em diante, cada pessoa na face da terra estava destinada a morrer, desde o momento de seu nascimento. Não existe possibilidade de se revogar uma Lei Eterna de Deus. Portanto, qualquer um que quiser viver sob a Lei, nunca terá a chance de ter a vida eterna. Para podermos escapar da morte eterna, precisamos aprender uma nova Lei. Essa Lei é baseada em uma outra Lei, estabelecida pelo Filho de Deus. João 3.36 diz: “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus”. Esse é o ponto principal da mensagem da Bíblia: a fé no sacrifício substituto do Filho de Deus nos coloca sob a jurisdição de uma nova Lei, a Lei do amor. A morte certamente está sob a Lei antiga; contudo, essa sentença de morte já foi executada sobre o Senhor Jesus Cristo, que pagou pelas nossas transgressões em sua totalidade. Qualquer tentativa em manter leis estabelecidas por assembléias, em guardar certos dias santos ou o sábado, a fim de se obter a justificação, é vã. Nada disso levará à salvação eterna, mas sim à condenação. A Bíblia diz claramente: “Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da Lei, para praticá-las. E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de Deus, porque o justo viverá pela fé. Ora, a lei não procede de fé, mas: Aquele que observar os seus preceitos por eles viverá. Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se ele próprio maldição em nosso lugar (porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado em madeiro)” (Gálatas 3.10-13).
No caso da rainha Ester, vemos que uma nova lei teria que ser escrita: “Então, foram chamados, sem detença, os secretários do rei, aos vinte e três dias do mês de sivã, que é o terceiro mês. E, segundo tudo quanto ordenou Mordecai, se escreveu um edito para os judeus, para os sátrapas, para os governadores e para os príncipes das províncias que se estendem da Índia à Etiópia, cento e vinte e sete províncias, a cada uma no seu próprio modo de escrever, e a cada povo na sua própria língua; e também aos judeus segundo o seu próprio modo de escrever e a sua própria língua” (Ester 8.9). Qual era o conteúdo dessa lei? “...o rei concedia aos judeus de cada cidade que se reunissem e se dispusessem para defender a sua vida, para destruir, matar e aniquilar de vez toda e qualquer força armada do povo da província que viessem contra eles, crianças e mulheres e que se saqueassem os seus bens” (Ester 8.11).
Quem eles iriam destruir? Que propriedade eles saqueariam? Anteriormente, vimos que os inimigos dos judeus se identificaram pelos preparativos que estavam fazendo para a sua destruição. Tenho certeza que os judeus sabiam exatamente onde moravam seus inimigos. A lei anterior, redigida por Hamã, havia causado a identificação de tais inimigos.
Um evento similar aconteceu quando Israel estava sob o jugo de Faraó. Depois que Moisés requisitou a liberação do povo, Faraó se recusou a deixá-lo partir e ordenou que os israelitas fossem pelo campo e ajuntassem sua própria palha. Assim fazendo, eles se familiarizaram com os vizinhos egípcios, suas casas, e também o conteúdo destas. Então, quando chegou a hora do êxodo, eles foram até a casa daquelas pessoas e pegaram seus bens mais valiosos.
Os judeus ainda tinham uma sentença de morte pairando sobre suas cabeças, mas também tinham uma nova lei selada pelo rei: “No dia treze do duodécimo mês, que é o mês de adar, quando chegou a palavra do rei e a sua ordem para se executar, no dia em que os inimigos dos judeus contavam assenhorear-se deles, sucedeu o contrário, pois os judeus é que se assenhorearam dos que os odiavam; porque os judeus, nas suas cidades, em todas as províncias do rei Assuero, se ajuntaram para dar cabo daqueles que lhes procuravam o mal; e ninguém podia resistir-lhes, porque o terror que inspiravam caiu sobre todos aqueles povos. Todos os príncipes das províncias, e os sátrapas e os governadores, e os oficiais do rei auxiliavam os judeus, porque tinha caído sobre eles o temor de Mordecai” (Ester 9.1-3).




O livro de Ester.
A rainha Ester arriscou sua vida. Ela estava disposta a sacrificar-se por seu povo e passou a ser a principal personagem envolvida na salvação física da raça judaica. Seu primo Mordecai foi elevado à realeza: “Então, Mordecai saiu da presença do rei com veste real azul-celeste e branco, como também com grande coroa de ouro e manto de linho fino e púrpura; e a cidade de Susã exultou e se alegrou” (Ester 8.15). É importante observar o resultado dessa elevação de Mordecai: Sucedeu isto no dia treze do mês de adar; no dia catorze, descansaram e o fizeram dia de banquetes e de alegria” (Ester 9.17). É assim que o Senhor trabalha. Em meio à fraqueza, Ele demonstra Sua força; em meio ao desespero, Ele dá eterna segurança. E através da morte, Ele traz a vida eterna. Nenhuma campanha, protesto organizado ou resistência teria ajudado os judeus durante o reinado de Assuero. Apenas a resolução firme da rainha Ester em arriscar a sua vida fez a diferença.
Quando o Evangelho é pregado em verdade, como foi o caso da igreja primitiva em Jerusalém, o Senhor age. Lemos em Atos 2.42-43,46-47: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos e na comunhão, no partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor; e muitos prodígios e sinais eram feitos por intermédio dos apóstolos. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”.
Na igreja primitiva eles “perseveravam na doutrina dos apóstolos”. Novamente, não lemos nada sobre qualquer tipo de marchas de protesto, oposição contra o governo, ou de luta contra todos os tipos de maldade social. Porém, a verdadeira dedicação dos crentes ao Evangelho fez com que tivessem o favor do povo. Eles não eram respeitados por sua posição social, mas por causa da sua simples fé, obedecendo ao que o Senhor havia ordenado, pregando o Evangelho a todas as pessoas em todo lugar.
No desenvolvimento da igreja primitiva, nada lemos sobre cruzadas especiais ou grandes eventos ecumênicos, mas sim sobre a adesão à doutrina dos apóstolos. A última frase diz: “...acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos”. Essa é a chave para a evangelização nos últimos dias. É de suma importância fazermos a vontade de Deus. Quando formos obedientes a Deus e nos dispusermos a nos sacrificar pela causa do Evangelho, verdadeiramente o Senhor acrescentará à Igreja diariamente os que forem salvos.




Até o dia de hoje, a festa de Purim é celebrada em Israel e nas casas dos judeus em todo o mundo.
A instituição da festa de Purim
Até o dia de hoje, a festa de Purim é celebrada em Israel e nas casas dos judeus em todo o mundo. É a celebração da vitória da rainha Ester sobre Hamã, o inimigo dos judeus: “Mordecai escreveu estas coisas e enviou cartas a todos os judeus que se achavam em todas as províncias do rei Assuero, aos de perto e aos de longe, ordenando-lhes que comemorassem o dia catorze do mês de adar e o dia quinze do mesmo, todos os anos, como os dias em que os judeus tiveram sossego dos seus inimigos, e o mês que se lhes mudou de tristeza em alegria, e de luto em dia de festa; para que os fizessem dias de banquetes e de alegria, e de mandarem porções dos banquetes uns aos outros, e dádivas aos pobres. Assim, os judeus aceitaram como costume o que, naquele tempo, haviam feito pela primeira vez, segundo Mordecai lhes prescrevera; porque Hamã, filho de Hamedata, o agagita, inimigo de todos os judeus, tinha intentado destruir os judeus; e tinha lançado o Pur, isto é, sortes, para os assolar e destruir. Mas, tendo Ester ido perante o rei, ordenou ele por cartas que o seu mau intento, que assentara contra os judeus, recaísse contra a própria cabeça dele, pelo que enforcaram a ele e a seus filhos. Por isso, àqueles dias chamam Purim, do nome Pur. Daí, por causa de todas as palavras daquela carta, e do que testemunharam, e do que lhes havia sucedido” (Ester 9.20-26).

Um Homem Enviado por Deus



Os céus cerrados estavam abertos! Enfim, o lamento de séculos – “Oh! se fendesses os céus” – fora ouvido e respondido de forma inusitada. Quatro longos séculos de noite espiritual foram encerrados pela presença deslumbrante de um homem mais incandescente do que o cometa Halley.
As pessoas que estiveram no Templo aquele dia e viram o sumo sacerdote em suas vestes de glória e beleza teriam dificuldade para aceitar este sujeito excêntrico e barbado, de austeridade crônica e palavras rudes, como um profeta enviado por Deus. Mas Jesus disse a respeito desse homem incomum, imprevisível e radical: “Em verdade vos digo: entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista” (Mt 11.11).
O segredo desse homem surpreendente é fácil de descobrir. Ele tinha um foco único na glória de Deus, um propósito único de fazer a vontade de Deus e uma mensagem única para anunciar e apresentar o Cristo, o ungido de Deus, como o Redentor do mundo.
Uma Mensagem de Justiça
A mensagem de João era justiça. Ele se sentia angustiado porque as leis de Deus estavam sendo quebradas, seu sábado desonrado, sua casa desolada. Ele não estava atacando um efeito, mas uma causa – o pecado. Ele dizia que o pecado destruiria os homens como indivíduos, arruinaria comunidades e quebraria nações. Só a justiça poderia exaltar uma nação ou um povo.
                                        
João foi bem-sucedido, por qualquer parâmetro de avaliação, como profeta. Socialmente, alcançou todas as classes, pois o povo estava farto de injustiça, maldade e opressão. Como labaredas de fogo num prédio em chamas à meia-noite, este profeta gerado no deserto atraía soldados, legiões estrangeiras, o povão e os publicanos. Ele falava uma linguagem que não conheciam, porém compreendiam. Ele falava a verdade, algo que fora perdido naquela época – e hoje também.
“Já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto é cortada e lançada ao fogo” (Mt 3.10). João não pregava nenhum “evangelho barato”. Ele não oferecia ao penitente sorridente um “castelo no ar”, uma mansão celestial e uma coroa de glória, além de uma entrada na Festa das Bodas do Cordeiro e um galardão permanente de autoridade sobre cinco cidades, tudo em troca de um simples pedido de desculpas a Deus mais um ritual de batismo.
Hoje, se fala muito nos dons do Espírito, e realmente são maravilhosos quando autênticos. No entanto, ouvimos pouco sobre o fruto do Espírito e menos ainda sobre produzir “frutos dignos de arrependimento” (Mt 3.8).
Muitos evangelistas modernos, geralmente sujeitos bem populares, ao oferecerem perdão gratuito por ofensas graves contra um Deus santo e justo, prometem demais por um preço muito baixo. Ao falar isso, alguns nos acusam de exigir obras para obter salvação. Bem, se pregar arrependimento é exigir obras, acuse então João Batista, acuse Jesus (Lc 5.32), acuse Pedro pelo que pregou no dia de Pentecostes.
Pregação Ungida Pelo Espírito
Existem tantos tipos de pregação quanto tipos de pregadores. Há pregações que edificam, mas não trazem convicção de pecado. Algumas apelam às emoções, outras ao intelecto. As pregações de Jesus, de João Batista e de Pedro atingiam a consciência e, também, a vontade. Os três tinham uma coisa em comum: a unção do Espírito Santo.
Antes de começar seu ministério, Jesus foi ungido pelo Espírito Santo. “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar...” (Lc 4.18). Pedro foi cheio do Espírito Santo e, em seguida, ergueu sua voz e pregou ao povo (At 2). Foi registrado a respeito de João Batista algo que não foi dito de qualquer outro homem: “será cheio do Espírito Santo, já do ventre materno” (Lc 1.15).
                                                                  Nosso evangelho atual e decadente, com sua ênfase em felicidade, teria chocado João Batista. Tentamos induzir felicidade num coração enfermo pelo pecado. Oferecemos curativos a pacientes que precisam de uma cirurgia espiritual radical para extrair o câncer de carnalidade do coração.
Pregamos para trazer paz ao coração. João Batista pregava para produzir pânico! O profeta inabalável abalava todos os outros. Visualize este quadro: João Batista, ungido pelo Espírito, preparando o caminho do Senhor, abrasava todos os corações enquanto pregava uma palavra viva e poderosa, mais afiada do que qualquer espada de dois gumes.
Soldados pagãos ouviam e descobriam que suas couraças de armadura reluzente não conseguiam impedir as flechas, com pontas de fogo do juízo de Deus, de penetrar no coração. Clamavam, aflitos, “o que faremos?” (Lc 3.14).
Depois de ver sua linhagem sanguínea de Abraão proclamada inválida para proporcionar-lhe misericórdia ou perdão, o povo clamou a João Batista: “o que faremos?” (Lc 3.10). Os ambiciosos e inescrupulosos publicanos também murcharam sob os ataques do pregador, e clamaram junto com os demais: “o que faremos?” (Lc 3.12).
Lágrimas e Dores de Parto
Os homens que pregam nas nossas campanhas são evangelistas, não avivalistas. Um avivamento abalaria toda a situação vigente. Assim como é impossível um terremoto passar sem causar destruição, um genuíno avivamento, gerado pelo Espírito, não vem sem causar profundo transtorno moral e espiritual na Igreja e no mundo.
Com todo o nosso conhecimento e os avanços tecnológicos na agricultura, ainda não conseguimos colher uvas de espinheiros, nem figos de abrolhos. Tampouco podemos receber avivamentos do Espírito Santo em transmissões da televisão ou pela organização de cruzadas. Bebês só nascem depois de dores de parto (Is 66.8). Avivamentos são gerados por gigantes espirituais, não por gente boa de lábia nem por ministros atrás de vantagens materiais.
Deixemos que a História nos ensine algumas lições.
                                           Quando uma senhora disse a George Whitefield: “Senhor, tenho ouvido cinco pregações suas em três dias e, cada vez, fui banhada com suas lágrimas”, ela estava revelando que o grande ganhador de almas havia chorado, ele mesmo, em favor dos perdidos no seu recanto secreto.
Lembre-se, por favor: naquela época, sem a facilidade de transportes públicos, a única maneira de chegar a um local de reunião era a pé, ou de carruagem, que poucos tinham condições de pagar, ou a cavalo. No entanto, quando a população da cidade de Boston chegava a apenas 12 mil pessoas, 14 mil vinham todas as noites para ouvir Whitefield. Não havia estradas asfaltadas, restaurantes, hotéis, ônibus ou trens. Tamanho era o magnetismo de um homem cheio do Espírito que multidões vinham para ouvi-lo e eram tocadas por Deus.
Um pregador simples, porém incomum, chamado John Smith veio logo depois de John Wesley. Ele dizia: “Estou buscando batismos mais profundos do Espírito Santo. Se nós sempre nos enchêssemos do Espírito antes de chegar à casa de Deus, veríamos muitos sinais e maravilhas”.
Lágrimas em favor dos perdidos eram o exercício diário desses avivalistas. O poderoso Jeremias disse: “Mas, se isto não ouvirdes, a minha alma chorará em segredo, por causa da vossa soberba; chorarão os meus olhos amargamente, e se desfarão em lágrimas” (Jr 13.17). O Príncipe de todos os pregadores chorou sobre Jerusalém (Lc 19.41). Arthur Fawcett disse: “O profeta é a manifestação da atividade de Deus”. A História comprova essa opinião.
Uma experiência com Deus que não custa nada não tem valor algum e não produz resultado algum. Estou convencido de que a razão por que não temos avivamentos que abalam o mundo, como antigamente, é que estamos satisfeitos sem eles! Ao examinarmos as histórias dos santos do passado, vemos que campanhas evangelísticas podem ser iniciadas e encerradas de acordo com os caprichos dos homens, enquanto avivamentos só virão com enorme custo de lágrimas, dores de parto e a misericórdia de um Deus soberano.
Estou certo de que somos ineficazes quando pregamos para os homens porque somos impotentes em suplicar em oração diante de Deus.
Conte-me, com todo o entusiasmo, sobre a pregação de Finney, como ela abalava os ouvintes e transtornava o coração de todos. A minha resposta é: “Sim, mas lembre que Nash e Clary o sustentavam em oração, vinte e quatro horas por dia, como Arão e Hur seguravam as mãos de Moisés”. Enquanto Finney suplicava aos homens em público, Nash e Clary suplicavam diante do Senhor em secreto. Resultado: avivamento!
Deus Tinha Seus Profetas
Que nenhum cristão deixe o coração ficar abalado por verem o inimigo entrando como inundação e por não ouvirem ainda a voz do profeta na Terra. Deus esconde os seus homens. Eles aparecerão sem etiqueta de preço, sem nada para vender, nada para divulgar a não ser a mensagem de Deus, nada para organizar, nada para promover a não ser “santidade ao Senhor”.
                                              João Batista veio numa hora crítica na história de Israel. As almas sedentas iam atrás dele no calor do deserto. Lembremos outra vez das palavras chocantes e pungentes do Professor Harold Kuhn do Seminário Asbury: “O Cristianismo não foi servido ao mundo numa travessa de prata; nasceu num mundo sofisticado dominado por um poder totalitário”.
A Inglaterra, espiritualmente morta sob os ensinamentos do deísmo e contaminada em larga escala com a corrupção política, não ofereceu um ambiente muito propício ou receptivo para o estudante de Oxford, John Wesley. Injustiça, cobrança desigual de impostos, vícios e alcoolismo eram comuns. A essa nação corrupta na política, congelada na igreja, nos púlpitos e nos bancos, Wesley trouxe a tocha da pregação ungida pelo Espírito, e a nação se derreteu diante dele.
Os lideres e promulgadores de doutrinas falsas, com amplos fundos para espalhar suas falsas doutrinas por todo o mundo, representam maiores desafios hoje do que aqueles que foram enfrentados por Wesley ou Finney – porém não acima da capacidade de Deus. A mensagem evangelística atual oferece aos homens uma mudança de destino – mas a regeneração bíblica oferece uma nova personalidade, gerada pelo Espírito, e, só depois, um novo destino.
Avivamento é obra divina e é maravilhoso aos nossos olhos. Avivalistas com lágrimas nos olhos e corações partidos geram pecadores com lágrimas nos olhos e corações quebrantados, aos pés de um Deus santo. “Avivamento genuíno”, dizia o amado Dr. Tozer, “muda o clima moral de uma comunidade”. Homens como João Batista gravaram seus nomes em letras de fogo na história do mundo.
Outra vez, repito: o custo de chegar perto do coração de Deus, de ouvir a voz de Deus e fazer a vontade de Deus não é pequeno. Deus não pode ser apressado. A região isolada do deserto, solitário, sem recursos, atrativos ou vozes, é o lugar onde a sarça arde, onde a voz de Deus é ouvida, onde a visão é transmitida, onde o casamento com a vontade divina acontece.
Da escola de oração, do lugar no deserto, homens incendiados na fornalha da revelação e que ambicionam somente a força para fazer a perfeita vontade de Deus surgirão para abalar nações e libertar o povo. A escola de profetas nunca é muito concorrida. Não existe nenhum currículo predeterminado. Deus molda o homem de acordo com o momento na história. Um fator simples fica evidente em todos: são homens solitários, homens recolhidos, homens apaixonados, homens poderosos, homens perseguidos. Sabem que precisam sangrar para poder abençoar.
Senhor, Envia-nos Avivalistas!
Atualmente, as nações do Ocidente estão quebradas, quebradas financeira, moral e espiritualmente. Se tivéssemos a metade da espiritualidade que achamos que temos, iríamos à casa de Deus em pano de saco com um punhado de cinzas para ungir nossas cabeças indignas. Porém, preferimos brincar de igreja. Ainda temos prazer em pregações rasas e oferecemos orações mais rasas ainda. Nosso pano de saco e cinzas seriam menos notáveis do que quando Isaías andou despido e descalço (como escravo) por três anos como sinal.

Jeremias lamentou o pecado do povo. Sua recriminação da iniquidade deles lhe custou um tempo na prisão, no tronco e no fundo de um poço de lama. Mas ele sabia que não valia a pena dizer “paz, paz”, quando não haveria paz. Só ele sabia como seria o iminente juízo de Deus sobre a nação. Precisou permanecer sozinho por causa da ira de Deus (Jr 15.17).
Que Deus nos dê homens que esperem no Senhor, que ouçam sua voz, que recebam um batismo de poder do alto e a autoridade de entregar a mensagem divina a uma igreja doente e um mundo moribundo.
Temos batalhado na carne por tempo demais. Temos interpretado o sucesso em termos de ganho material – prédios maiores para nossas igrejas, multidões maiores para nos ouvir, ofertas maiores como provas do favor divino. Há muito, temos pregadores fracos – que Deus nos dê gigantes! Tivemos muitos promotores de vendas; que o Senhor nos dê avivalistas. Temos feito o evangelismo com centenas de truques: que Deus nos dê, nesta hora escura da História humana, alguns João Batistas para arder e brilhar, alguns homens como Knox que digam: “Dá-me Escócia, ou Inglaterra, ou Brasil, senão eu morro!”


                                               Leonard Ravenhill (1907-1994) foi um escritor e evangelista britânico que focalizava em assuntos como oração e avivamento. É mais conhecido por desafiar a igreja moderna e seu mais notável livro é "Por que Tarda o Pleno Avivamento?"
por Leonard Ravenhill
Colaboração: O Arauto de Sua Vinda

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